04/05/13

A Generosidade como Valor Supremo


Generosidade! Não é bom, o som desta palavra? Então, porque é que tão raramente agimos de acordo com o que nos diz? Ser-se humano é ser-se generoso. Devemos aprender bem, desde o princípio, o que significa isto, pois tem muito que se lhe diga.

Que Portugal (e o Mundo) atravessa agora um período difícil não deve ser desconhecido de ninguém. Mas que significa isso? Significa que devemos voltar a correr para as fortalezas da nossa mente e barricar-nos lá contra os ataques do exterior, mantendo à distância tudo salvo nós mesmos? Não, porque esta atitude tem outros nomes: é cobardia, porque fugimos, e egoísmo, porque não partilhamos o nosso refúgio com outrem.

Devemos, isso sim, sair ao encontro dos problemas, pois fugir-lhes apenas lhes aumenta a intensidade. Devemos repudiar a cobardia, assim como um rei de antigamente repudiava uma rainha estéril...e devemos, ainda, partilhar. Partilhar é saber como possuir as coisas. Numa conversa a propósito do voluntariado, a minha professora de Português disse-me uma frase que, desde então, retumba muitas vezes na minha cabeça, antes de eu tomar qualquer decisão que implique mais alguém para além de mim: quanto menos temos, mais felizes somos. 

Não precisamos de ir tão longe para encontrar quem precise de ajuda...às vezes, as situações estão bem próximas de nós, em pessoas de todos os dias, em quem já pouco reparamos. Mas devemos, penso eu, procurar conservar sensibilidade suficiente para podermos detectar as manifestações de um estado carente. Todos precisamos uns dos outros, a vários níveis. Sabemos lá o que se passa na vida de quem se cruza no nosso caminho? E que desçam a voos mais moderados aqueles que já pensam em saídas a África e outros sítios que tais, porque ainda há muito para fazer cá. E, além do mais, como podemos nós sonhar ajudar as populações dos países em desenvolvimento se nem sequer somos capazes de olhar para o lado? Olhar para o lado é a chave de tudo, pois nunca sabemos o que lá iremos encontrar, se necessidade de nós ou se muito para nos ser dado. O ser humano pode ser admirável!

Temos de começar por tentar melhorar os "edifícios" que existem à nossa voltam. No man is an island, é o lema de um filme que vi há muito tempo. Nenhum homem é uma ilha...e, às vezes, basta uma palavra amiga para podermos ser, uns com os outros, um pouco mais que um arquipélago. Como somos bichos cegos (e, no entanto, bons juízes de carácter, espera-se), o princípio a adoptar deve ser estender a mão a quem passar, pois nunca se sabe quem vai trôpego ou direito...e muito menos sabemos quando vamos nós cair. Como dizia Fernando Pessoa...
Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo.

Há sempre alguém a precisar de ajuda para construir o castelo, há sempre alguém que tenha menos que nós e a quem podemos dar sem ter em vista a retribuição. De que outro motivo precisamos nós para ganhar coragem para superar as partidas do destino, esse trasgo travesso? De que outra razão precisamos para viver?

T.F.

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