31/01/12

Os Novos (Livros) Amigos da BE!


Caros alunos e professores!

Começou um novo ano e, para melhor começarmos um novo ciclo (lembremo-nos do célebre mote "ano novo, vida nova"), a nossa BE já começou a receber remessas de novos livros! Ainda estão para chegar muitos mais e esperamos que aqueles que já se encontram connosco não sejam mais que uma uma gota de água num copo cheio!

Mais uma vez, queremos aproveitar a oportunidade para relembrar aos elementos da nossa comunidade escolar que aceitamos doações de livros usados. Uma biblioteca é uma casa de livros, um lar acolhedor, e a nossa biblioteca tem as portas abertas para receber e acarinhar todos os livros errantes que precisem de um porto seguro. Assim, se tiveres livros de que já não precisas, NÃO OS DEITES FORA, DÁ-OS À BE!

E, acima de tudo, queremos advertir os utilizadores da Biblioteca Escolar para estarem atentos e para não se esquecerem de vir cá ver, folhear e cheirar os nossos livros, os nossos novos amigos!







Sequência poética 11

As Lágrimas do Pássaro de Fogo
À beira de um lago de águas calmas,
Águas e frias da montanha,
Negras como o negro da sua plumagem
Quando vista à luz da lua e das estrelas,
Chorava um pássaro de fogo,
Doce e suave, a cabeça nas sombras pendendo,
Pelo bico escorrendo gotas de prata pura.
Magnificamente chorava o belo bicho,
As penas brilhantes das asas cansadas roçando
A água escura do frio lago cinzento e triste,
Triste pelo esplendor que lhe conferia a luz
De prateado círculo e que, de dia
Lhe tirava o Sol faiscante.
E porque chorava o fogoso pássaro?
Chorava por nada, chorava por tudo,
Chorava pelo que via,
Chorava pela beleza desaparecida
Dos dias passados e daquilo que já não via.
O pássaro de fogo chorava pela Natura,
Chorava pelas florestas ancestrais,
O refúgio de quanto restava de grande pureza,
Chorava pelos lagos azuis, negros e verdes,
Pelo luar que de prateado os tingia,
Pela solidão da Natureza intocada,
Agora triste, silenciosa e refugiada
Nas próprias profundezas melancólicas.
Chorava ainda pela cegueira
Daqueles que o mundo dominavam
E que sobre a Natura descia furiosamente,
Como um Inverno que veio para ficar,
Que faz os rios murmurar e chorar
E que de branco as montanhas vem coroar
Com uma coroa de espinhos
Que ninguém lhes poderá tirar.
Oh! Que cegueira era aquela tal!
Era uma cegueira fria e insensível
Que arrasava mais que a vermelha lava
Que era a manifestação furiosa
Do poder soberbo e superior da Mãe Natureza.
Era uma cegueira de horrorizar,
E o pássaro negro por causa dela chorava,
Que derrotava o equilíbrio deste mágico
Mundo sob o firmamento plantado.
O pássaro de fogo chorava pelos homens,
Pois quando os cegos o próprio arrimo destroem
Sempre acabam por cair.
Só que a humana cegueira
À queda levaria o mundo inteiro,
Como uma âncora impiedosa
Que para o fundo do mar leva o navio.
Ai! Pobre fauna mutilada,
Pobre flora golpeada por machado
Tão cobarde que misericórdia não teve,
Pois deixou a presa em agonia
Para o chão verde sangrando verde sangue.
Oh! Como o golpe doeu às árvores!
Pois que Inverno é este
Que gela os bosques até às veias
A seiva nos ramos congelando,
Das árvores desalojando
As formosas dríades dançantes
E das flores expulsando duendes e abelhas
E das suas tocas enxotando
Os saltitantes trasgos vivazes.
Ao lago traz melancolia,
Sobre as águas lançando eterno gelo,
Adormecendo o seu espírito murmurante.
Por tudo isto chorava o pássaro de fogo,
Debaixo da luz da lua,
No frio eterno do seu Inverno.
Deixem-me chorar com ele,
Chorar a Natureza,
A sua doce beleza
Que aliada é da imaginação!



Sem Sentido
Às voltas, perdido, anda o Universo
E com ele o seu significado disperso.
Que faço eu aqui,
Se o caminho do futuro não segui?
Estou na estrada do passado
A viver um sonho, acordado.
Mas a cada passo do destino
Mais me afasto dela e desatino.
Que resta no futuro
Para os ecos da lembrança?
Resta a doce esperança
De não sofrer o esquecimento duro.
Mas se, no fim, malograda
For a minha confiança,
Não me virá mais bonança
Na tempestade da noite inacabada.
Sigo com o esquife para a frente,
Pelo desgosto da noite dolente…
Sentido aqui não há
Para o que passou e não voltará.


Entardecer
Cai o sol em batalha no Poente,
Apodera-se da terra o sono dormente,
A clara escuridão que dos céus desce
Toma conta do coração, que adormece.
Já nada brilha ou ilumina o espírito
Que, envolto em sombras, escurece
E fica da cor do negrume
Que o tempo arrefece.
O nascimento já vai longe,
A vida do dia passou a correr…
Anoitece já e prepara-se a velhice
De um dia que acaba.
Mas será o seguinte um começo?
Acaba a luz na noite,
Acaba o dia, para o bem ou para o mal,
E vai-se o tempo sem igual.
Amanhecerá?



Sou Náufrago no Mar dos Sonhos
Navego, sem rota, entre os astros do céu,
Rodeado das maravilhas deslumbrantes
Que, na sua gentil bondade, o Universo concebeu.
Vejo as caudas dos pesadelos sombrios,
Como se de cometas disfarçados,
Escondendo-se com o nascer de dias fugidios
E voltando à noite, quando esta vai alta
E tudo de trevas é feito e revestido.
Mas – alegria! – a escuridão é quebrada:
Vejo a luz, que dilacera o coração das sombras;
Vejo as brancas nuvens e as terras
Da felicidade eterna, que residem
Além de Saturno e outros gigantes;
Tudo brilha e resplandece em meu redor,
Vem do infinito um vento de contentamento
Que em seus braços me toma a alma,
Sem que seja pelo corpo aprisionada;
Luzente e branca de neve é a alegria,
Sem cor o sono calmo e benfazejo,
Mas dele vem o sonho que alumia
O lugar distante e belo que almejo.
Mas não será tudo isto vão,
Como me diz este ou aquele sábio,
Visto que o tempo apressado
Corre e se afunda em negridão?
Verei então poema e romance,
Recordação e sonho
Com os olhos da vida
E o alcance da verdadeira visão.
Assim tenho de proceder,
Pois não sei quanto deixei para trás
Por escrever – rabiscar! –

Em vez de olhar.
Tomás Vicente (ex-aluno)

30/01/12

Viver a Biblioteca!



"Sempre imaginei que o Paraíso fosse algum tipo de Biblioteca."
Jorge Luis Borges


Tantas frases que poderíamos citar, ao falar de uma biblioteca, tentando explicar o seu significado! E, o que é mais, nunca conseguiríamos! Alguém consegue contar as bibliotecas que existem ou já existiram, por esse mundo fora? Ou os livros que já foram publicados? Assim, também não poderemos encontrar nunca uma definição de biblioteca, pois o que vem no dicionário nada diz de verdadeiramente importante em termos mais que meramente racionais, e acharíamos, se procurássemos, tantas definições de biblioteca quantas as pessoas que as frequentam. Tudo na vida tem muitas faces...é como o Polvo, do Sermão de Santo António aos Peixes, de Padre António Vieira (1608-1697)! A diferença é que este conceito é fugidio apenas por boas e honrosas razões! Quem, no mundo, não vê as coisas com olhos diferentes dos do vizinho? Ao estudar a lírica de Camões, aprendi que os olhos são as janelas da alma e, agora, completo esta afirmação dizendo que são também os alçapões que vão dar ao coração.

Assim, estando os olhos ligados a dois conceitos - realidades! - ao mesmo tempo tão abstractos e tão palpáveis aos quais está inerente a subjectividade do ser, como pode alguma dessas janelas ser igual? Assim - e repescando o tema «biblioteca» -, como pode um conceito ser definido se é, forçosamente, tão subjectivo? E o conceito de biblioteca não o é mais que qualquer outro. Encontrar-se duas pessoas que se posicionem perante este "objecto" de reflexão da mesma maneira não deixa de ser apenas um (in)feliz acaso - o que não faz com que deixe de ser acaso.

Por mim, e à falta de palavras exactas na nossa maravilhosa língua portuguesa que permitam exprimir o que sinto em relação a isto com mais clareza, contento-me em definir biblioteca usando a frase de José Luis Borges acima citada. 

Descendo do geral ao particular, claro que tudo depende dos casos, do contexto, etc. Falando agora da nossa Biblioteca (não me imagino a usar este possessivo em relação a nenhuma outra!), e ressalvando que se trata da minha opinião, devida à minha experiência sensitiva e emocional e não a uma análise racional e objectiva, digo que poucos ou nenhum lugar conheci que se lhe comparem. Não vou perder tempo com elogios aos equipamentos, aos livros, etc. Isso são ninharias, há coisas mais importantes. 

Vai a caminho de fazer sete anos desde a primeira vez que pus os pés na Biblioteca Escolar (na altura designada CRE) da EB 2+3 de Telheiras nº1. Foi em Setembro de 2005 e tudo mudou radicalmente desde então. Mas este espaço incrível acompanhou-me em todas as etapas desse crescimento/amadurecimento/endurecimento, processo com altos e baixos, e permitiu-me esquecer - ainda permite -, de um modo inolvidável, qualquer turbulência que se desenrolasse lá fora, mesmo que esta estivesse à minha espera, à saída. Costuma-se dizer que as pessoas fazem os lugares, que, expondo esta ideia numa frase pouco formal, fazem o ninho em que depois nos aconchegamos. Ao longo da minha vida, e apesar de ainda pouco ter vivido, já conheci pessoas espectaculares e sinto o maior dos prazeres ao reconhecer que, a muitas delas, as conheci aí. Além de haver lugares que nos mudam a vida, há pessoas pelas quais vale a pena viver. Um grande MUITO OBRIGADO a todas elas, não só às deste meio como também às que estão para além destas pequenas fronteiras.

Sobre o modo como vivo este espaço, ocorre-me também algumas palavras, pois aquilo que se vive depende necessariamente da maneira como se vive. Acho que é importante agir, demonstrar aquilo que somos e em que acreditamos em algo mais que textos ou discursos (logo eu a dizer isto, alguém para quem o papel e a caneta são uma extensão do corpo! - idiossincrasias pessoais!). Mais uma vez, é oportuno lembrar o Padre António Vieira, para quem afirmar uma crença, uma posição, não era o suficiente, tinha que se ser, em si mesmo, o exemplo mais irrepreensível dessa crença em acções visíveis a todos - nada podia ser mais actual, mesmo quatro séculos mais tarde! A acção é a manifestação da força e da rectidão da alma, daí que seja importante tomar parte, dar-se ao trabalho, produzir.

Penso, porém, que, para que alguém possa apreciar alguma coisa verdadeiramente, tem que pôr de lado a pressa, a preocupação, os interesses mesquinhos e outros similares poluentes do espírito e simplesmente desfrutar das coisas (simples ou não) na companhia das pessoas certas. Pela minha parte, gosto muito de contribuir com ideias e trabalho para actividades realizadas na BE, mas as alturas em que realmente estou na biblioteca são aquelas em que me posso sentar numa das minhas mesas de eleição ao pé da janela, sem nada para fazer que não seja observar o resultado do esforço que se fez ou olhar preguiçosamente em volta para um lugar que exala um encanto secreto, escondido no interior de cada pessoa que passar por esta experiência. E quem diz aqui, nesta biblioteca, diz em todos os lugares que para nós tenham significado.

Temos apenas uma vida para pensar e executar o que pensamos. É bom que não nos enganemos no caminho, pois não se volta nunca atrás, é uma viagem de comboio sem bilhete de regresso. Assim, por aqui me fico, deixando como último conselho a quem ler este texto que aproveite o que a vida tem de melhor e de mais belo. Não se passa por ela duas vezes. Há um ditado persa que reza o seguinte e dispensa explicações:

" No dia do teu nascimento, todos riam e só tu choravas. Vive de tal maneira que, quando morreres, todos chorem e só tu sorrias."

A vida é um mistério a ser vivido, não um problema a ser resolvido, como dizia Kierkegaard. E, se ela é tão bela como de facto é, para quê as pressas e as pressões? É um livro que pode durar eternamente sem se tornar repetitivo e, no entanto, o que o torna ainda mais belo é sabermos que tem um fim e que nós não o controlamos de acordo com as nossas conveniências. Não é reconfortante (e espantoso) que nos poucos anos que nos é dado viver na Terra possamos viver e sentir coisas capazes de preencher a eternidade? A vida é rica. Para quê almejar o futuro quando o presente tem tanto para nos oferecer e o passado é digno de ser recordado em canções? Não era isto que ditava a sabedoria dos antigos...recordar o passado, agir no presente e garantir lugar na memória de um dia futuro? Pois bem, os antigos, como sempre, tinham razão: a vida é um rio impetuoso e caprichoso, não dá resultado interceptar o seu curso com uma barragem mas também não é menos errado tentar apressar o seu andamento. Alongar-me seria tentar exprimir o inexprimível. Até uma próxima ocasião!

Tomás Vicente

Um artigo sobre a Educação

Incentivos e Escolhas - O Desastre da Educação
(Expresso de 28-1-2012)
O valor de uma economia é o valor do seu capital humano. Por isso o sistema educativo é tão importante. Por isso o estado lastimoso da economia portuguesa tem muito que ver como o estado lastimoso da educação. 
Não faltam 'culpados' para este desastre: uns dizem que o problema é o 'eduquês', outros que são os professores, ou o sindicado dos professores, ou o Ministério, ou o clima, ou a água da torneira, ou sei lá o quê. 
Não nego que sejam causas importantes, mas o principal culpado pelo desastre da educação em Portugal é: você. Sim, refiro-me a você, encarregado de educação, que passa a vida culpando os outros em vez de aceitar que o fracasso do processo educativo começa em casa, Os principais responsáveis pela educação não são os professores mas sim os próprios pais. É claro que são os professores que dão as aulas, que sabem ensinar Português e Matemática, História e Geografia. Mas todo este esforço vale pouco ou nada se não começa num ambiente familiar que dá valor ao esforço e à disciplina que uma boa educação exige. 
A única desculpa que vejo para os nossos encarregados de educação é que estamos perante uma questão 'cultural'. A mentalidade do 'desenrasque' e do 'chico esperto' também se manifesta na escola: um gaba-se do seu 'novo' método de ‘copíanço’ como se se tratasse de uma conquista amorosa; outro orgulha-se por ter passado a cadeira "sem estudar praticamente nada"; e o aluno mais cool é o que se lembra de mais 'partidas' durante as aulas. 
Mas o pior não é tanto a atitude dos adolescentes como a reacção dos adultos: o sorriso que traduz uma certa nostalgia ("ah, se soubesses o que eu fazia quando tinha a tua idade"); o piscar de olho que manifesta aprovação ("assim é que é!"); ou simplesmente a indiferença. 
O melting pot que são os Estados Unidos serve como teste da minha teoria, que pode não ser 'politicamente correcta' mas é simplesmente correcta: as etnias com melhor prestação escolar (os judeus, os coreanos, os vietnamitas, etc.) são as que têm culturas familiares que valorizam a educação. Talvez os genes contem alguma coisa, mas neste caso o ambiente claramente se sobrepõe aos cromossomas: nurture vence nature. 
Não é o ministro da Educação nem o Ministério da Educação que resolverá o problema; nem as reformas curriculares dos teóricos da educação; nem os professores nem o sindicato dos professores; nem as escolas públicas nem as escolas privadas. A melhoria da educação em Portugal começa e continua com você, encarregado de educação. Como? Evitando a mentalidade outsourcing da educação ("a escola que trate disso, é para isso que pago impostos e propinas"); exigindo esforço do filho (embora seja muito mais fácil ser o 'pai popular' do que o 'pai exigente'); e exigindo resultados da escola (neste sentido a maior concorrência entre escolas é uma das medidas positivas deste Governo). 
Estamos perante uma reforma que demora pelos menos uma geração. Estamos assim mais do que 25 anos atrasados, pelo que temos de começar quanto antes. O objectivo é monumental mas acessível: mudar a atitude perante o esforço do estudo, filho a filho.

Luís Cabral
Professor da Universidade de Nova Iorque e da AESE
O autor escreve de acordo com a antiga ortografia

24/01/12

Em Boa Companhia...na BE!


Não é todos os dias que me são concedidas oportunidades como estas! E, em primeiro lugar, devo agradecer à professora Clotilde Mota, que me deu aulas de Português e Francês consecutivamente entre o 6º e o 9º ano, inclusive. Um grande, um enorme muito obrigado, professora, pela sua amabilidade, disponibilidade e por tudo o que fez por mim ao longo dos últimos seis anos! Obrigado também à professora Filipa Neves, que generosamente disponibilizou o espaço da BE e os recursos multimédia da mesma. E, claro, agradeço também aos outros professores e alunos da EB 2+3 de Telheiras nº1, em especial aos alunos do 7ºB, que se revelaram atentos e diligentes conversadores!

Terá sido ainda fim do 2º/início do 3º Período do ano lectivo transacto, pela altura que acabei uma revisão que andava a fazer de umas pequenas histórias que tinha escrito, que a professora Clotilde me falou pela primeira vez acerca da ideia de dar um dos meus contos em aula aos meninos do 6º/7º ano (e eu, que coro facilmente quando me elogiam, devo ter ficado completamente vermelhinho). Mas o terceiro período é sempre a época mais atarefada de todo o ano, tanto para alunos como para professores - ainda para mais, houve aquela memorável festa da escola, cujos preparativos tomaram conta da escola entre Maio e Junho! Assim, entrámos de férias, para um bem merecido descanso de Verão.

A 6 de Setembro de 2011, recebi um e-mail na professora, com novidades acerca do início do ano lectivo; dentre elas, cito este parágrafo:
"Estive a (re)ler o conto «Mochos e Corujas». Desta leitura, surgiu-me uma ideia. Quero, gostava, de falar contigo sobre isso. Para já é ...segredo."
Naturalmente, fiquei muitíssimo curioso acerca da misteriosa ideia. Foi este o ponto de partida para a realização da sessão do passado dia 12 de Janeiro. A ideia que era segredo, disse-me dias depois a professora, era dar o meu conto "Mochos e Corujas" em aula, para depois se fazer uma sessão, uma palestra em que eu viesse falar à turma sobre o mesmo e outros assuntos relacionados, mais uma vez fomentando o contacto dos alunos com a escrita e a leitura, através de textos acabados de sair da caneta para o papel (ou, no caso insólito destes contos, das teclas para o ficheiro Word!) .

Ao longo do primeiro período, falou-se muito sobre esta sessão, mas muitas peripécias ocorreram entre Setembro e Dezembro. Assim, chegado Janeiro, e estando tudo ordenado e o ambiente calmo pôde-se, por fim, organizar a dita sessão. Logo nos primeiros dias de aulas, as pontas soltas foram atadas e marcou-se, depois de discutido o assunto com a professora Filipa, a sessão para a passada quinta-feira, entre as 11h40 e as 13h15, na BE. E, estando os alunos já a iniciar-se no estudo do texto poético, acrescentou-se ao "programa" o tema Poesia. Antecipada agradável conjuntura, tratei de tomar notas daquilo que queria dizer e, no dia agendado, lá estava eu na BE, quase duas horas mais cedo. Esse tempo chegou e sobrou para separar em conjuntos os textos que a professora Clotilde tinha imprimido previamente, um exemplar de dois contos para cada aluno presente, e para organizar o espaço do CRE (ai!, se a professora Filipa me apanha com a antiga designação...!).

Mal posso descrever o meu intenso nervosismo, nessa manhã. Cheguei à BE cerca de uma hora e meia antes e tive muito que esperar...mas também tive muito que fazer. Fui falar com a professora Clotilde e preparar as coisas. A professora até já tinha imprimido um grupo de dois contos ("A Velha Macieira" e "A Morte Morreu de Medo") - umas vinte e tal cópias - para distribuir aos alunos. O resto do trabalho mudar a disposição das mesas e alinhar as cadeiras de modo a compor um "auditório" improvisado virado para o projector...(indicações cénicas para quem estiver familiarizado com o espaço da BE).

Por fim, chegou o momento! Sei que a minha descrição não vai transmitir completamente o que senti nesse dia, mas vou tentar compor um relato completo...

Após uma apresentação, introduzi o tema Contos debatendo o papel da literatura na escola e na vida com os alunos, que participaram activamente e superaram as minhas melhores expectativas, e procurando mobilizar conhecimentos prévios que os alunos tivessem acerca desta forma escrita. Seguidamente, pedi ao Diogo Coimbra, um dos alunos dessa turma, que eu já conhecia, que lesse um dos contos em voz alta, para depois discutirmos, referindo, entre outros aspectos, a moralidade do mesmo. A instâncias dos ouvintes, falou-se também de como surgiram os contos apresentados, de como foram escritos, se foi fácil ou difícil...

Mas, na minha opinião, o momento alto foi quando passámos ao tema Poesia. Grande parte das notas que escrevi antes da sessão versam esta segunda etapa e transcrevo delas alguns segmentos:
"A Poesia é muitas coisas. Primeiro que tudo, é uma realidade interessante, que não fica presa nos livros e anda por aí à deriva. A poesia é um caminho de vida (que trilhamos apenas se quisermos mas que, se escolhermos percorrê-lo, nos leva num passeio pela vida muito mais colorido e autêntico do que se fizermos o mesmo trajecto sem a companhia da poesia). Ou se vê poesia em todo o lado ou não se vê em lado nenhum (eu vejo poesia aqui, convosco, nesta sala).
Devemos abrir os olhos e ver se  agarramos a poesia antes de ser tarde demais, antes que ela nos deixe a alma. É para isso que serve a escola, as aulas de Português: para que possamos saber como agarrar a poesia e como aprender a sonhar."
Não o disse, certamente, com estas palavras exactas, uma vez que o discurso falado de desenvolve imprevisivelmente, mas a essência é esta. Quanto à famosa questão, onde está a poesia?, lembrei-me de citar o professor Joaquim Marques (tendo o cuidado de assinalar a citação - eu sou contra o plágio!). Mais excertos de algumas notas...
"Como se escreve um poema?: vivendo e sentindo!
Escrevemos melhores poemas se passarmos uma tarde com os amigos do que se ficarmos em casa, à secretária, a "marrar" na escrita até que esta saia."
Sim, acho que é mesmo isto. Não poderia ser dito de outra forma, a poesia não se comanda, sai sim como quer e bem lhe apetece, quando fazemos coisas realmente poéticas: e, claro está, marrar não é muito poético. Continuando...
"(...)se, num dado momento da vossa vida não conseguirem mesmo ver a poesia e tudo parecer cinzento, falem com alguém, façam alguma coisa que querem muito fazer...depois disso, vai-vos ser mais fácil vê-la de novo. Por aqui, vêem o que é, de verdade, a poesia: é, nada mais nada menos, que o espírito da vida, aquilo que nos faz andar para a frente neste mundo."
Para exemplificar as diferentes forças motrizes por detrás da poesia e os diferentes princípios, meios e fins da criação poética, ocorreu-me lembrar, contrastando, os poemas "Porque" (de Sophia de Mello Breyner), "A um negrilho" (de Miguel Torga) e "O Mostrengo" (de Fernando Pessoa). Li este último para os meus ouvintes, tentando imprimir, na expressividade da leitura, a gravidade e profundidade heróica de antanho que transparece no poema. Penso que, pela primeira vez na minha vida, consegui ler uma poesia com a entoação correcta...e mais que o mostrengo, que me a alma teme /(...)manda a vontade, que me ata ao leme / de El-Rey D. João Segundo!...estas palavras parecem ainda retumbar dentro da minha cabeça, sempre que me lembro da sessão.

Mais à frente na sessão, projectei ainda uma cantiga do período medieval, que transcrevo:


"Estudaes, e fogis de my,
soes latyno.
Que quedas daa o enssyno
do latym.

Trareis todo decorado
o Metamorfoseos,
eu trar-vos-ei asonbrado
de rryr de vos.
Coytado, triste de ty,
hom mofino,
que fost naçer en ssino
de latym"

Este pequeno poema, da autoria do conde do Vimioso, é uma censura bem-humorada a um amigo por este descurar o convívio com o amigo poeta por andar demasiado embrenhado nos estudos. Foi isso mesmo que me levou a incluí-lo no "programa", de modo a demonstrar a aplicabilidade desta mensagem à sociedade actual...e acentuar o respeito que devemos sentir por algo que atravessa os séculos que nos separam da Idade Média continuar pertinente! Em nota ao poema, escrevi: chamar a atenção para o estatuto imutável, de validade intemporal, da poesia; o sentir atravessa os séculos.

Uma das questões finais levantadas foi: escrever é difícil? Não, de todo, é mais fácil que adormecer, desde que não forcemos a escrita nem a tentemos vergar às nossas conveniências.

Já no fim da sessão, li ainda a seguinte nota marginal, que tinha escrito enquanto me preparava para a sessão: 
"A escrita tenta captar a essência do que vivemos e sentimos. É muito difícil conseguir esse grau de perfeição, são raros os casos daqueles que conseguem encerrar na página essa essências. A maioria dos escritores consegue apenas pálidos reflexos. Mas tentar é o que importa, porque o produto da tentativa vai falar por nós, é durável."
Mas os momentos bons também acabam e foi assim que me despedi dos alunos da professora Clotilde:

 Anda magia no ar,
Palavras velozmente a saltitar
De espírito em espírito,
De um para outro coração.
Contam histórias de mundos distantes
Ou do nosso vizinho do lado;

São amigáveis ou azedas,
Bonitas ou sem interesse,
Feias e disformes
Ou belas como a lua,
Radiantes como o sol.

São, acima de tudo,
Pintoras maravilhosas:
Pintam belos quadros coloridos,
Dançam ao som de uma música íntima;
Vejo-as formar paisagens,
Prados verdejantes,
Florestas de terras distantes;

Também vejo flores delicadas
Ou pingentes de gelo
E neves perpétuas aveludadas;
Gostam de abóboras do Halloween
E das decorações do Natal;

Vagueiam por campos e bosques,
Detêm-se nas cálidas bibliotecas;
Correm sobre as ondas do mar,
Cantam em coros de crianças;
E ainda dão nomes às coisas,
Terras e países;
Sonhos.

Desfilam os objectos
E elas chamam-lhes lápis,
Página, título, história;
E aos países chamam:
Portugal, Atlântida,
Antárctida, Grécia,
Terra Média ou Dinamarca;
França, Nárnia, Bulgária;
Olimpo e Nifflheim,
 Hades e Åsgard.

Visitam o mar do Mar do Sonho,
Os Cumes da Divagação;
Conhecem e conseguem tudo isto
Sem saírem do nosso coração,
Sem saltarem das páginas dum livro.


Sendo como sou, desenvolvi, provavelmente, muito mais temas colaterais do que era suposto, e devo ter enfastiado os ouvidos os alunos do 7ºB, mas isso já é outra história, a ser contada numa próxima ocasião. Sabeis, quem fala daquilo que realmente gosta torna-se, ao expor "as suas matérias", como um rio que recebe chuvadas intensas e, galgando as margens, provoca uma cheia. Se me permitis uma palavra a esse respeito, acho que, com todos os inconvenientes que possa ter, isso não é uma coisa má, é a prova de que se tem uma razão para avançar, algo para abraçar na vida, algo que para nós seja mais que simples "gosto", seja devoção. Assim sendo, peço aos alunos do 7ºB que me perdoem a tagarelice e desejo-lhes, sinceramente, uma boa viagem em companhia da poesia e do sonho, pois sem eles a vida é parda e monótona!
Tomás Vicente

21/01/12

Sequência poética 10

Encantamento
Certo dia um homem andava vogando,
Pelos bosques e florestas cantando.
Apreciando a Natureza profunda,
Que estivera na origem do Mundo.
A pureza daquele mundo
Do globo o lugar mais profundo,
Era sentida no ar leve e fresco
E ao tocar com os pés o solo fecundo.
Num alto sentou-se a observar
A terra imensa e extraordinária
Que a seus pés agora se colocava,
Ouvindo suave rumorejar.
Se era para ele raro prazer observar
Tal lugar belo e eterno
Mais contentamento lhe dava sentir e tocar
O orvalho e a erva ao sol a crescer
E as árvores ancestrais de brilho terno
Decoradas e enfeitadas, como no Natal
Para receber o seu humano primo mundanal.
A ocidente o sol se ia reclinando,
Enquanto dentro da sua cabeça,
De olhos fechados se encontrando,
O martelo da imaginação continuava ressoando,
Como sino de velha catedral
Com o som do seu tempo medieval.
Era som lindo ancestral
Que o humano coração emocionava,
Era o som da imaginação mental
Era da nostalgia doce toque e badalar
Que sempre permanecia a tocar.
O homem os seus olhos abriu,
Procurando o que do som ouviu.
O seu olhar preso ficou
E o coração contra o peito martelou.
A mente enfeitiçada ordenou que se escrevesse
E logo a escrever principiou
O relato do de tal momento

Em que foi lançado tão belo encantamento.


O Penedo Andante
Era um homem velho e curvado,
Pela comprida estrada fatigado,
Que a montanha a custo subia,
Estando de um penedo carregado.
E que penedo era aquele já mencionado,
Que de tão grandemente talhado
Esgotava a hercúlea força dum agigantado
Que ousadamente o tivesse transportado.
Ia o velho o penedo amparando
E nessa tarefa quase morrendo
(Tão horrível era a deste grande estatura)
Quando de cima lhe chega uma voz, dizendo:
» Ó homem velho e cansado
Já devíeis teu penedo ter largado,
Que subir à montanha de tal carregado
Decerto é brincar com o Fado!
Crendo que de Deus era a voz que ouvia
E sendo ele de alma muito pia,
Logo fora o calhau deitou
E, ajoelhando, assim dizia:
» Razão há em tal sentença!
Foi de mim avareza julgar
Que possuía ainda força para um penedo carregar.
Pois que, se encontrais em Sísifo
Ou em gigante da Montanha
Comigo longínqua parecença,
Mais não é que errónea crença! «
» Vai pois de ombros erguidos alegremente
Ó velho explorador da Montanha contente,
Esquece o teu penedo,
Deixa-o no abismo de negridão
Onde seus passos seguidos não serão!
Segue então, alegre e velho viajante,
Sob os pés conservando a pedra cantante
E a rocha vibrante da Montanha deslumbrante.
Deixa que tolo troll ou poderoso gigante
Se encarregue do teu penedo saltitante! «


Os Elementos
Feita foi a Terra segura;
O Mar azul e profundo, paciente;
Erguidas foram as montanhas,
De grande e imponente estatura;
Criados foram os vales e rios,
Onde dançavam as ninfas
Bailando e cantando em desvarios;
Plantados os bosques soberanos,
Onde as pacíficas e ancestrais árvores cresciam,
Colhendo o fruto suave dos seus doces anos…
Mas eis que os elementos pelejam
E guerreiam, e a triste terra dilaceram.
A Montanha contra o Vento,
Lançando-lhe penedos,
Que, ao caírem de novo,
A todos enchem de sustos e medos.
O Vento matreiro esquiva-se
E logo torna, atacando, por sua vez
A grande Montanha brava;
Mas se fosse só o Vento,
Tendo por inimiga a Montanha,
Daria a todos certo alento,
Esperança de recuperação.
Mas assim não sucede, não,
Pois que também o Mar e a Terra,
O belo Rio e a sábia Floresta
Começaram eterna guerra.


As Frias Águas do Rio
Entre as pedras saltitando,
Em passo suave e doce murmurar,
Vão as frias águas do rio,
Saudando o leito de pedras
Lavadas do sonho e desvario.
Lá vão as águas do rio,
Bailando harmoniosamente
Com os peixes que, alegremente,
Rolam nesse belo ondular.
Lá vão as águas cristalinas,
Tudo lavando á passagem –
Até mesmo a ramagem
Que ao rio bondosamente oferece
O velho chorão, que fenece.
O que não lavam, então, as águas
Desse ribeiro transbordante?
Não lavam a justiça e a honra;
Não a branda paciência, a eterna mansidão;
Não lavam os sentimentos puros,
Que sempre perenes permanecerão.
Lá vai a água gélida do rio,
Lavando o leito à passagem,
Para levar de beber
À fértil e verdejante pastagem,
Para lá alguém encontrar
Calor no seu curso frio
Lá vai o ribeiro andando.
Não apaga a corajosa bondade,
Mas já presa leva a malvadez e a vaidade,
Que as rápidas águas afogarão.
No entanto, é certo,
Não é o leito despido eterno lar
Do que de bom mora em humano coração:
Amor, compreensão e humildade,
A alegre e firme amizade…
No infinito descansarão
E muitos e belos universos alcançarão!

T.F.

20/01/12

Visita de Estudo ao Museu do Azulejo

As turmas do 5º e 6º ano da nossa escola tiveram, nos últimos dias, a oportunidade de visitar o fantástico Museu do Azulejo, um autêntico repositório de obras de arte! Ora, aqui fica, à disposição da comunidade escolar, uma pequena amostra do que eles viram...



Uma Visita à Casa do Futuro

Aqui ficam algumas fotografias que registam a visita dos alunos do 9º ano à Casa do Futuro, no âmbito da disciplina de TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação)...




...e tudo isto feito apenas com as próprias mãos e "tecnologia colorida"! Ele há Ciência para tudo!

Auto da Barca do Inferno - teatro

No dia 13 de Janeiro de 2012, a convite da Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, as turmas 8º C e 8º E, da professora Margarida Afonso, de Língua Portuguesa, foram assistir a uma representação teatral da peça Auto da Barca do Inferno, de Gil Vicente (1464-1536).

Esta obra é objecto de estudo do programa do 9º ano, tratando-se, assim, esta iniciativa, de um modo de "abrir o apetite" dos nossos alunos do 8º, que para o ano se vão ver confrontados com o seu estudo, pela obra mais conhecida do reformador do teatro português na Renascença. Trata-se de um elemento fundamental da nossa literatura, que, dada a sua actualidade, desperta interesse nas sucessivas gerações de leitores, sobretudo devido ao facto de reflectir muitos dos aspectos da sociedade do nosso tempo como, em 1517, retratou o de Gil  Vicente e do Rei D. Manuel I...



O Pai Natal responde-nos!

Não são todas as pessoas que se podem orgulhar de ter recebido uma carta do Pai Natal! Ah, pois é! Mas todos os alunos da nossa escola que escreveram ao velhote de fato vermelho e barbas brancas e compridas receberam uma em seu nome! Foi esta a forma que o Pai Natal encontrou apara retribuir aos nossos alunos a dedicação à causa natalícia e ao espírito do Natal!

Em nome de todos, agradecemos, pela nossa vez, ao mais famoso habitante do Pólo Norte, o Pai Nicolau Natal, a sua visita anual e as prendas que nos deixou, esperando que, no próximo mês de Dezembro, volte a descer pela nossa chaminé!






E depois ainda há uns que vêm com aquelas tretas de o Pai Natal não existir! Aqui têm a prova em como ele existe mesmo!


Descobre o Código de Morse na BE...


Tal como no ano passado, já está á disposição na nossa biblioteca um sistema montado no âmbito da disciplina de Físico-Química que visa dar a conhecer aos alunos o Código de Morse, de Samuel Morse (1791-1872), e dar a conhecer mais alguns interessantes pormenores acerca do mesmo, bem como evidenciar a riqueza de experiências que se podem realizar em torno desta disciplina. 

Não percas esta oportunidade para vir saber mais (e pôr em prática) uma das maiores descobertas tecnológicas do século XIX, que melhorou bastante a transmissão de mensagens e a velocidade das comunicações a nível mundial! E, pelo caminho, aproveita para dar uma vista de olhos às estantes da nossa BE , para veres que livro te apetece levar para ler no fim-de-semana!


16/01/12

O Cantinho da História

A nossa adorada Biblioteca
- ai de quem eu ouvir dizer
que a nossa BE é uma seca! -
quer deixar aqui um convite
para quem o ler aparecer
cá na nossa casinha de livros!
É que está cá um expositor
com material sobre a História de Lisboa
(e também de Portugal) em todo o esplendor!


Vinde ver, que é coisa boa
para se ver por distração!
Há livros sobre os reis e a cidade
e sobre a nossa vetusta sociedade;
muitos engraçados pormenores
e curiosidades, que não são,
de modo nenhum, coisas menores!
Vinde cá, alunos e professores,
que, depois de verdes esta exposição,
ficareis todos mais sabedores!


E, porque é divertido aprender,
andar na escola, estudar,
muito contentes ficaremos
por vos poder dar a conhecer
o que tem para nos ensinar;
ainda mais gratos ficaremos
se a propósito nos vierem visitar!


Cremos que na escola 
não há desilusão
apenas estudo e diversão
e uma ou outra brincadeira criançola;
por isso podemos acreditar 
que o nosso convite não vão esquecer. 
Aqui, na Biblioteca Escolar
aguardamos em breve vos ver!

Assinado: A Equipa da BE!:)