25/06/13

Um poema da "Mensagem"!




"Nem rei nem lei, nem paz nem guerra
Define com perfil e ser
Este fulgor baço da terra
Que é Portugal a entristecer -
Brilho sem luz e sem arder,
Como o que o fogo-fátuo encerra.

Ninguém sabe que cousa quer,
Ninguém conhece a alma que tem,
Nem o que é mal, nem o que é bem.
((Que ânsia distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro,
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro...

É a Hora!"


Fernando Pessoa, "Nevoeiro", in Mensagem

19/06/13

A Corrida e a Meta


Triunfar é importante. Talvez até o seja mais nas coisas simples que nas grandiosas, pois nas grandes, já toda a gente espera uma realização magnífica. Por outro lado, no âmbito das coisas simples (e, em muitos casos, as melhores) da vida, o que sobressai não é o triunfo, mas a maneira como é atingido. Isto impõe-nos primor no alcance das nossas vitórias diárias. 

Devemos passar de ano na escola da vida tendo sempre em atenção que as notas, por si só, não contam. O que conta é o que deixamos atrás de nós. Podemos atingir a meta pretendida, mas se algum dos nossos companheiros de viagem ficar pelo caminho (ou algum viandante com quem nos cruzemos), então os nossos feitos terão sido vãos. Não devemos ter medo de estender a mão a quem precisar, não devemos ter medo de partilhar o que alcançarmos pois, quanto mais doações dessa índole fizermos, maior a felicidade secreta em que podemos alimentar o nosso ânimo, pois, antes de a jornada findar, as pessoas a quem devemos o que temos já irão constituir uma lista bem longa. Procedendo deste modo, temos menos hipóteses de nos esquecermos de agradecer a alguma delas.

Podemos dizer que a vida é como uma corrida, todos queremos alcançar uma certa glória ao chegar às metas que formos passando, todos queremos fazer um bom tempo. Mas devemos partir, mal soe o apito, não tendo em vista os louros que, porventura, nos possam aguardar no final; ao longo da dura jornada até à meta, devemos ter como prioridade estender a mão a quem tropeçar e cair e, no caso de haver joelhos esfolados, apoiar essas pessoas até à meta, mesmo à custa do nosso próprio avanço e de duro esforço. Não esqueçamos que, um dia, podemos ser nós a cair e a precisar que nos ajudem a continuar.

Por conseguinte, custa-me muito olhar em volta e ver que cada vez menos pessoas o fazem. É certo que podemos ter a sorte de, deste modo egoísta, suar menos e chorar pouco, mas isso pouco importa porque, assim sendo, não saberemos dar valor a nada, porque nada vai ter valor. A partilha é a chave para a valoração. Ao privarmo-nos de dificuldades, das pedras no caminho, de que Fernando Pessoa fala, não vamos nunca alcançar a felicidade pois, mesmo que alcancemos esse estado de graça, nunca o saberemos. Nunca saberemos construir o castelo

Entristece-me profundamente ver que as pessoas estão a perder a capacidade de dividir (ou mesmo abdicar) dos louros da sua actividade. É certo que a luz de uma vela se nota mais se estiver sozinha na escuridão, mas o seu alcance também é menor. Sabemos lá nós as maravilhas que podíamos obrar se fôssemos menos sôfregos de triunfo e reconhecimento. 

Cabe a cada um de nós estabelecer qual a meta que pretende atingir. Podemos alcançar grandes coisas, ter grande projecção mas se, num círculo de menor raio, mais pessoal e mais restrito, não soubermos ser alguém melhor por não vermos senão o que se encontra muito à frente, então tudo o que atingirmos é vazio. Pensai bem antes de fazerdes a vossa escolha, pois só há uma corrida, a vida é apenas uma e a meta é tudo. A solução não é ter mais tempo, mas usar mais generosa e sabiamente aquele que nos é dado viver.

Tomás Vicente  (ex-aluno)

14/06/13

Projeto SOBE

  NO JARDIM DE INFÂNCIA DO ALTO DA FAIA/LUMIAR 
                                                
                                Parte I - Material de apoio ao projeto disponível na BE


Parte II - Alunos a assistir, na BE, a uma projeção sobre como lavar os dentes 



Parte III - Trabalhos realizados pelos alunos

                                                  
                                                  
                                                  






Luís de Camões - um presente para os finalistas do 9º ano!




"As armas e os barões assinalados

 Que, da Ocidental praia Lusitana,
 Por mares nunca dantes navegados,
 Passaram ainda além da Taprobana,
 Em perigos e guerras esforçados
 Mais do que prometia a força humana,
 E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

  E também as memórias gloriosas
 Daqueles Reis que foram dilatando
 A Fé, o Império, e as terras viciosas
 De África e de Ásia andaram devastando;
 E aqueles que por obras valerosas
 Se vão da lei da Morte libertando:
 Cantando espalharei por toda a parte,
 Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mi um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mi vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Por que de vossas águas Febo ordene
Que não tenham enveja às de Hipocrene.

Dai-me ũa fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso."

Os Lusíadas, I, 1-5

07/06/13

Um cheirinho de Alberto Caeiro...



"O meu olhar é nítido como um girassol.

Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás…
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem…
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras…
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do mundo…

Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender…
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…

Eu não tenho filosofia: tenho sentidos…
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar…

Amar é a eterna inocência,
E a única inocência é não pensar…"

Alberto Caeiro, O Guardador de Rebanhos - II


02/06/13

Mia Couto- Prémio Camões 2013

Mia Couto vence prémio Camões 2013.



"O vencedor do prémio literário mais importante da criação literária da língua portuguesa é o escritor moçambicano autor de livros como Raiz de Orvalho, Terra Sonâmbula e A Confissão da Leoa . É o segundo autor de Moçambique a ser distinguido, depois de José Craveirinha em 1991."
LER ARTIGO AQUI.