30/05/13

Curtas na ESVF

Escola Secundária de Vergílio Ferreira

os alunos finalistas de Arte 12º10ª,

a Profª Graça do Vale...

..têm o prazer de o convidar para o 1º Festival de Curtas Metragens!









28/05/13

"Cristalizações" - um poema de Cesário Verde


Faz frio. Mas, depois duns dias de aguaceiros,
Vibra uma imensa claridade crua.
De cócoras, em linha, os calceteiros,
Com lentidão, terrosos e grosseiros,
Calçam de lado a lado a longa rua.
Como as elevações secaram do relento,
E o descoberto sol abafa e cria!
A frialdade exige o movimento;
E as poças de ar, como em chão vidrento,
Reflectem a molhada casaria.
Em pé e perna, dando aos rins que a marcha agita,
Disseminadas, gritam as peixeiras;
Luzem, aquecem na manhã bonita,
Uns barracões de gente pobrezita
E uns quintalórios velhos com parreiras.
Não se ouvem aves; nem o choro duma nora!
Tomam por outra parte os viandantes;
E o ferro e a pedra - que união sonora! -
Retinem alto pelo espaço fora,
Com choques rijos, ásperos, cantantes.
Bom tempo. E os rapagões, morosos, duros, baços,
Cuja coluna nunca se endireita,
Partem penedos; cruzam-se estilhaços.
Pesam enormemente os grossos maços,
Com que outros batem a calçada feita.
A sua barba agreste! A lã dos seus barretes!
Que espessos forros! Numa das regueiras
Acamam-se as japonas, os coletes;
E eles descalçam-se com os picaretes,
Que ferem lume sobre pederneiras.
E nesse rude mês, que não consente flores,
Fundeiam, como a esquadra em fria paz,
As árvores despidas. Sóbrias cores!
Mastros, enxárcias, vergas! Valadores
Atiram terra com largas pás.
Eu julgo-me no Norte, ao frio - o grande agente! -
Carros de mão, que chiam carregados,
Conduzem saibro, vagarosamente;
Vê-se a cidade, mercantil, contente:
Madeiras, águas, multidões, telhados!
Negrejam os quintais, enxuga a alvenaria;
Em arco, sem as nuvens flutuantes,
O céu renova a tinta corredia;
E os charcos brilham tanto, que eu diria
Ter ante mim lagoas de brilhantes!
E engelhem, muito embora, os fracos, os tolhidos,
Eu tudo encontro alegremente exacto.
Lavo, refresco, limpo os meus sentidos.
E tangem-me, excitados, sacudidos,
O tacto, a vista, o ouvido, o gosto, o olfacto!
Pede-me o corpo inteiro esforços na friagem
De tão lavada e igual temperatura!
Os ares, o caminho, a luz reagem;
Cheira-me a fogo, a sílex, a ferrugem;
Sabe-me a campo, a lenha, a agricultura. (...)

23/05/13

Media Smart 2013

Parabéns aos vencedores e a todos os concorrentes!




"The Fall of Arthur" chega hoje às bancas!


Chegou hoje às bancas, em Inglaterra, um dos livros mais aguardados do ano. The Fall of Arthur, de J.R.R.Tolkien, é um longo poema épico em verso aliterativo que permaneceu intocado no espólio de Tolkien durante cerca de oitenta anos...
Ainda não há data fixa para um eventual publicação em língua portuguesa, que a chegar, será com a chancela da editora Publicações Europa-América, responsável pela introdução das obras de Tolkien no universo das publicações na língua do nosso país...os nossos leitores roem-se de suspense!
Entretanto, a versão inglesa pode ser adquirida em lojas como a FNAC, ou por encomenda diretamente do Reino Unido. O preço da encomenda não costuma ser muito caro e compensa, pois costuma ficar mais em conta do que uma tradução; de qualquer modo, o preço do livro deve, como é usual, vir a diminuir gradualmente...
Entretanto, para os nossos leitores mais ávidos, aqui deixamos, como aperitivo, as primeiras linhas deste novo poema daquele que foi já classificado como "o autor do século XX":

"Arthur eastward in arms purposed
his war to wage on the wild marches,

over seas sailing to Saxon lands,

from the Roman realm ruin defending.

Thus the tides of time to turn backward 

and the heathen to humble, his hope urged him,
that with harrying ships they should hunt no more
on the shining shores and shallow waters
of South Britain, booty seeking..."



22/05/13

Pedra filosofal




"Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança."

António Gedeão (1906-1997)

20/05/13

Feira do Livro de Lisboa!


A 83ª edição da Feira do Livro de Lisboa, realizada, como é tradição, no Parque Eduardo VII, vai abrir no próximo dia 23 de maio e prolongar-se-á até ao dia 10 de junho, Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades! Como sempre, um evento a não perder, que nos proporciona livros ótimos a preços mais baixos e a possiblidade de encontrar tomos que se encontram fora do mercado e sem perspetiva de reedição!
E, claro, o prazer das horas passadas entre a literatura, deambulando pelas bancas, é completado levando na mão uma fartura ou um pau de algodão doce!

17/05/13

15/05/13

Túneis – Roderick Gordon & Brian Williams

Túneis tem sido apontada como a obra sucessora de Harry Potter, tudo porque ambas as séries partilham o mesmo descobridor.

1º Livro da Série Túneis

Sinopse: Will é um garoto de 14 anos cuja única afinidade com seu excêntrico pai é a paixão pela arqueologia. Ele passa a maior parte do seu tempo livre cavando buracos nos arredores do terreno de sua casa para realizar descobertas científicas, fugir da pressão da escola e da família. Um dia, seu pai desaparece misteriosamente por um túnel que Will não conhecia, e o garoto começa a cavar, literalmente, a verdade.

2º Livro da Série Túneis
Sinopse: Em Profundezas, essa descoberta torna-se ainda mais surpreendente e ameaçadora. Na busca por seu pai, Will é levado a lugares cada vez mais profundos nos subterrâneos da Terra e obrigado a enfrentar situações que podem desviá-lo de seu objetivo. Seguindo os rastos do Dr. Burrows, o jovem protagonista, seu amigo Chester e o recém-descoberto irmão Cal deixam a Cidade Eterna, como é chamada a colônia subterrânea, rumo à Grande Planície, onde a escuridão é cada vez maior e o perigo, também. Em sua busca, o trio acaba descobrindo um plano dos Styx que pode ter consequências terríveis para toda a vida na Crosta. Para sua surpresa, Will é perseguido ainda pela sombra de uma irmã perversa que vai complicar ainda mais as coisas.

13/05/13

12/05/13

Os ricos da rua

Aqui fica um poema que nos foi enviado por uma ex-aluna da nossa escola (cujo nome não revelamos a seu pedido...ai, a timidez dos artistas!) que sempre foi dada à poesia!
Obrigado pela prendinha!



Os ricos da rua

Na menina Lisboa,
Todos nós corremos,
Corremos pela corrente de pedra,
Aquela que raramente vemos,
Porque quanto mais corremos,
Menos vemos,
E o mais engraçado é que nos queixamos “o tempo voa”.
A verdade é que para nós “o tempo voa”,
Mas para os que não vemos,
Os que achamos ricos,
Aqueles que têm dois pés e duas mãos,
Aqueles a que gritamos “vai trabalhar”,
Os que vivem do que não queremos,
Esses sim são os ricos da rua.
São ricos de liberdade,
Não têm horas para chegarem atrasados,
São ricos de imaginação,
Não têm ninguém que os prenda,
São os únicos que têm o privilégio de terem o céu como o seu limite.
São da rua, mas são felizes,
Não têm vergonha de o admitir.
A sua grande casa é a menina Lisboa,
A sua imaginação é a única que voa,
A sua companhia são as pedras gastas
Que fazem par com os saltos partidos.
Mas o mais importante é saber
Que todos nós, independentemente de sermos ou não mendigos
Devemos de saber dar valor ao ricos da rua,
Os únicos que lutam por uma razão…
Aquela pela qual bate o coração!



10/05/13

Poeta com asas!



A poesia é o alimento da alma! A poesia é chave do enigma do Universo! A poesia é o espelho deste maravilhoso e verdejante mundo que é o nosso! A poesia é...tantas coisas! 

Mas, acima de tudo, a poesia é o ser capaz de olhar em volta e de encontrar sempre razões para nos maravilharmos. Haveria quem dissesse "para nos maravilharmos até com o que é simples". Eu diria para nos maravilharmos principalmente com o que é simples

Cá na escola, temos sido ávidos recetores de banquetes poéticos e, hoje, no encerramento de uma semana recheada de eventos especiais, temos mais uma vez o prazer de agradecer, do fundo das nossas almas de bebedores de poesia, ao professor Joaquim Marques que, como sempre, nos proporcionou uma agradabilíssima sessão de conversa e troca de ideias! 

Como sempre, ficámos emudecidos de admiração e, ditas todas as palavras, preferimos não nos aventurar a dizer mais e cair num silêncio de contentamento! Já só desejamos ter novo ensejo de o convidar, para assim perpetuarmos uma tradição de amizade e colaboração que já vai longa!

Mais uma vez, professor, o nosso MUITO OBRIGADO! 
 

09/05/13

Mensagens dos alunos ao Professor José Paulo Viana

No seguimento da palestra "Matemática Mágica", dinamizada pelo professor José Paulo Viana, foi pedido aos alunos que estiveram presentes na mesma que elaborassem um texto acerca do que tinham visto. Algumas das mensagens foram escritas em tom de carta, outras de relatório. Abaixo apresentamos excertos mais significativos desses textos, agradecendo, mais uma vez, ao professor pela sua amabilidade e dedicação.


"(...)O professor José Paulo Viana começou por nos explicar como é que a matemática é usada em quase tudo o que fazemos no dia-a-dia. Deu-nos vários exemplos e fizemos jogos, mas o professor também falou sobre telecinésia, que é o poder de mover objectos com a mente.
Um dos exemplos que o professor nos mostrou foi que, com a Matemáticam, conseguiu adivinhar a soma de vários números escolhidos por outra pessoa, antes de os conhecer.
Eu gostei desta sessão porque aprendi que a Matemática podia ir mais além do que eu pensava."

João Pedro Sousa, nº19 do 6º2ª

"(...)Durante a palestra, o professor fez magia. O que mais me impressionou foi quando a Laura e o Vasco tiveram que segurar uma carta...o professor colocou um manto vermelho. A Laura tinha um cinco de copas e o Vasco tinha um três de espadas; de repente, o professor bateu na mesa e as cartas trocaram de lugar (...)"
Inês Meireles, nº17 do 6º2ª

"Eu ADOREI! Foi muito divertido! O que eu mais gostei foi da interação connosco. Todos os que queriam propunham a sua participação e o professor escolhia alguém. Mostrou-nos a sua paixão por jogos e como percebia do que falava. Apresentou truques muito divertidos e misteriosos que deixavam todos estupefactos e impressionados. Pedia a colaboração de alguém e riamo-nos muito (...) Acho que foi muito bem planeado e organizado e o professor foi muito simpático."
Madalena Mota, nº23 do 6º2ª

"(...) O Dr. José Paulo Viana é um professor da Escola Vergílio Ferreira e já escreveu livros sobre a matemática. Eu gostei muito porque ele misturou três coisas que eu gosto: matemática, cartas e magia. O senhor foi muito simpático e divertido. Ele fez muitos truques, principalmente com cartas. O truqude que eu mais gostei foi aquele em que o professor usou a telequinésia e trocou as cartas de lugar. Gostei muito da tarde e aconselho vivamente a assitirem a uma palestra do professor."
Margarida Pereira, nº25 d 6º2ª

"(...) Fizemos também um jogo em que eu tinha o cinco de copas e o Vasco tinha o três de paus. Pusemos a mão em cima da carta, o professor pôs um guardanapo em cima das nossas mãos. Fechou os olhos e bateu na mesa e depois descobirmos que as cartas tinham trocado de lugar. Foi estranho...
Eu gostei muito do professo José Paulo Viana, foi interagiu connosco e é uma pessoa muito divertida(...)"

Laura Mota, nº 21 do 6º2ª

"(...) Pode-se brincar com a matemática, até existe magia, mas é preciso conhecer e treinar muito bem os truques!"
                                                                                                                         Gonçalo Silva do 6º2ª

"O professor José Paulo Viana usou números, dados e cartas de jogar. Apresentou maneiras de usar materiais de formas diferentes, com mistério. Sem revelar os segredos, fez-nos ficar de boca aberta. Ficámos a pensar que a magia existe na matemática (...)"
                                                                                                       Maria Carolina, nº 26 do 6º2ª

 "Eu gostei muito desta palestra porque foi uma das poucas que assisti e foi das coisas mais inacreditáveis que eu vi. Ao longo da palestra eu já estava a pensar que estava a sonhar porque o Doutor José Paulo passou os limites da ciência e chegou ao além com uma simples carta e um dado psicológico. No fim da sessão até fiquei triste de ter acabado porque eu queria ver mais daquela obra de arte de que tanto adorei. Nunca irei esquecer porque a isto eu chamo MATEMÁTICA MÁGICA SEM FRONTEIRAS!"

                                                                                                   Francisco Dourado, nº 14 do 6º2ª



 










Matemática Mágica na BE!

Realizou-se hoje na biblioteca uma fantástica sessão de "Matemática Mágica" que, como disse o dinamizador, foi "mais magia do que matemática". E bem mágica foi! Vimos, portanto, por este meio agradecer ao Professor José Paulo Viana, docente de Matemática da escola sede do nosso agrupamento, por nos ter proporcionado noventa minutos de puro deleite.

No seu modo de estar amigável e acessível, o "Einstein da Vergílio Ferreira" levou os nossos alunos de duas turmas do sexto ano numa viagem entusiasmante através dos prazeres de jogos matemáticos, envolvendo números, baralhos de cartas e uma boa dose de...MAGIA! Entre o "Dado Psicológico" e as forças telecinéticas, nem demos pela passagem do tempo!

Mais outro passe de mágica!

Após o que foi uma das sessões mais memoráveis a que tivemos o prazer de assistir na nossa biblioteca, reiteramos a nossa gratidão para com este excelente professor e comunicador de raro talento, que nos deixou com vontade de mergulhar mais a fundo nos mistérios da arte dos números!
Esperamos também pela oportunidade de renovarmos o convite que lhe fizemos para que, em anos letivos futuros, nos possa visitar de novo! 

SÃO PROFESSORES COMO ESTE QUE DÃO ALENTO À NOSSA ESCOLA!!

Não percam!

08/05/13

Palavras da Professora Clotilde Mota

Transcrevemos abaixo partes do texto que a professora Clotilde preparou como orientação para o encontro com os seus antigos alunos do 8º2ª e do 7º3ª!!!!! 

  

"Inicio este momento agradecendo a todos os meus alunos por estarem hoje aqui, quero agradecer aos professores que prescindiram de dar as suas aulas para virem acompanhar os meninos e as meninas, quero agradecer ao professor Nelson que, em prejuízo do seu tempo de lazer e de descanso, decidiu também estar aqui.


Quero agradecer as palavras calorosas e simpáticas do professor Joaquim Marques, que muitos de vocês já conhecem, e que, mesmo não pertencendo ao corpo docente deste agrupamento, se disponibilizou também prontamente para estar hoje aqui, neste espaço que ele já conhece há alguns aninhos.


Quero agradecer sinceramente à professora Filipa, responsável por este espaço onde nos encontramos hoje, por ter concordado e condescendido com o que o aluno Tomás Vicente lhe propôs, e que está a ser concretizado aqui e agora.


Este lugar, esta Biblioteca Escolar, aliás como qualquer outra Biblioteca, é um espaço de cultura, de reflexão, de trabalho, mas a verdade é que deve ser entendido também como um espaço de prazer, de deleite, de alegria e cabe a cada um de nós saber tirar o maior e o melhor partido.


Imaginem, meus queridos alunos, a vossa satisfação quando, após investigação morosa e exaustiva (feita aqui neste lugar) para a concretização de um trabalho de grupo (ou não), o professor, que vos incumbiu dessa tarefa, vos informa que obtiveram nesse trabalho a avaliação de Bom, de Muito Bom ou, melhor ainda, de Excelente! Não sentirão, por ventura, alegria por terem dedicado, neste lugar, insisto, algum tempo que vos conduziu a tal sucesso? Claro que sim e por isso é que eu disse que uma Biblioteca é também um espaço de prazer, de alegria.

E continuando com os meus agradecimentos, quero ainda dar uma palavrinha de reconhecimento às senhoras funcionárias da reprografia que tiveram um trabalho enorme com todas as impressões que tiveram que fazer, mercê de todos os trabalhos de escrita que os meus alunos produziram. (...)


Quero partilhar este momento com todos os meus colegas professores desta escola que, de um modo ou de outro, me ajudaram a concretizar alguns dos trabalhos hoje aqui expostos.


Gostava de salientar o nome da professora Maria da Luz Moreira que no ano letivo de 2008/2009 lecionou nesta escola a disciplina de História (...)


Nesse ano organizei o jornal de escola O Telhas, mas apenas no 3º. Período. Vários fatores impediram que se tivesse trabalhado nos outros dois períodos escolares. À semelhança de todos os outros trabalhos, esse jornal também está aí em exposição(...) teve como base de registo técnico um programa cujo nome é Pagemaker  e de que, sinceramente, eu não percebia nada, patavina, aprendi  depois um pouco, no entanto, força das circunstâncias, penso que já me esqueci de como funciona. Foi a Profª. Maria da Luz Moreira que preparou todo o esquema para que o jornal fosse um sucesso, em termos de estética. (...)

Agora, para terminar os agradecimentos, vou recorrer a um provérbio popular, e vocês sabem, porque vos disse inúmeras vezes nas aulas, como eu gosto de usar os provérbios para mostrar a voz da sensibilidade, mas também a voz da razão. Como «os últimos são os primeiros», eu quero agradecer muito particularmente ao meu querido aluno Tomás Vicente por ter feito com que este encontro fosse uma realidade. Sei que organizou tudo isto de forma espontânea e muito carinhosa, com prejuízo para o seu trabalho, com algum dano para o estudo das matérias difíceis do 12º. Ano. No entanto, isso deixa-me muito, muito feliz. Mas acreditem que quando ele me comunicou da sua vontade, eu dei-lhe conta da minha preocupação, pois não queria de modo nenhum que ele saísse lesado com tanto trabalho. Muito obrigada Tomás! O Tomás achou que, na área da escrita, trabalhei muito com os alunos, que publicámos «umas coisas» em número muito razoável, coisas essas que deviam ser relembradas à comunidade escolar. Mais uma vez, muito obrigada Tomás. Ter-te como aluno foi um privilégio. Ter-te como amigo é fabulástico!
(...) Acho que vocês ficaram a pensar na palavra fabulástico, não foi?


FABULÁSTICO! Não, não é propriamente um neologismo, porque de vez em quando ouve-se este «palavrão». Como sabem, ele resulta da junção dos vocábulos: «fabuloso» e «fantástico».  Não fui verificar se este vocábulo já está inserido no último Dicionário da Academia das Ciências, o que sei é que o PC sublinha-o a vermelho…logo, ainda não é reconhecido como existindo oficialmente, mas descansem que, ao passo a que as coisas andam, ele sê-lo-á, mais dia, menos dia.

Para os meus meninos do 8º. Ano. Lembram-se de vos ter falado num escritor Moçambicano, Mia Couto, que é célebre por ter criado muitos neologismos, nomeadamente numa coletânea de contos com o título Histórias abensonhadas?


Hoje, aqui e agora, é mesmo o momento de comemorar vitórias, recordando  todas as emoções que já vivemos, não acham?


Mas quem é que vocês acham que é/foi a personagem principal para que possamos estar, hoje, aqui reunidos a comemorar o resultado de todas essas produções escritas? Exatamente, a personagem principal é/foi o coletivo designado por turma, e que corresponde ao conjunto de alunos que, às vezes contrariados, é verdade, produziu esses textos, e muitos são verdadeiras peças de arte. Até vos digo mais, num ano em que lecionei numa escola aqui perto de nós, a Porto Editora, a meu pedido, publicou na Net o «livrinho» que organizei nesse ano com os alunos: O Diário de José Maria Camolas Bru de Tamontes. Foi FABULÁSTICO!


(...) Então digam-me lá, para cumprirem e ultrapassarem alguns desafios, neste caso desafios da escrita, ou seja, produzir um texto a partir de uma informação, de uma frase, de um desenho, como é que vocês poderão ter menos dificuldades, o que é que vos pode ajudar a ultrapassar as dificuldades?  

EXATAMENTE! LENDO! Se vocês tiverem o hábito de ler, vão conseguir armazenar informação, ter ideias, arranjar truques de escrita, por exemplo, recuar e avançar na história sem prejuízo para o trabalho que estão a desenvolver. Antes pelo contrário, vão enriquecer e muito, o vosso trabalho. É algo que se cultiva (...) O nosso gosto pela leitura vai  crescendo  «au fur et à mesure»  da nossa vontade e interesse por essa mesma leitura. (...)

Há dias estava a ver um programa de televisão, era um programa musical. O grupo era Os Deolinda e o apresentador comunicou que eles iam cantar o tema cujo título era Concordância. (...) A letra desta canção trata de questões de gramática: análise sintática, classes de palavras… É uma letra que revela, naturalmente, conhecimento de algumas áreas da gramática da língua portuguesa mas revela também muita imaginação.

Pesquisei na NET e eis a letra que encontrei, está projetada 


(....)*

Reparem na graça e no consequente interesse desta canção. Não acham que a letra (...) proporciona uma boa maneira de se aprender, por exemplo, as classes de palavras e perceber a sintaxe (...)?


(...) Há uma área da cultura designada por Cultura Clássica que refere, entre muitas outras coisas, claro, uns filósofos que respondem pelo nome de Sofistas. Eles achavam que sabiam tudo, Mas havia numa outra corrente (...) um senhor de nome Sócrates (...) dizia


«Só sei que nada sei»


Nos nossos dias, passados mais de dois milénios, acho que não precisamos de ser tão modestos e (...) podemos admitir que "sabemos alguma coisa". Afinal, não é muito difícil saber um pouco e isso consegue-se através de quê, meninos? Claro, através da leitura. Naturalmente, é necessário, e normal, que tenhamos dúvidas. (...) E é a dúvida, não a certeza, que faz o conhecimento progredir. O que é que nós fazemos quando temos dúvidas? Isso mesmo, queremos esclarecê-las, não porque saibamos pouco, mas porque não temos a certeza se o que sabemos corresponde à realidade.

Há uma frase célebre de Fernando Pessoa que é retirada do poema INFANTE (primeiro verso, primeira estrofe) que diz o seguinte:

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.


O  que é que vocês acham que  FERNANDO PESSOA quer dizer com isto? Ele refere Deus, refere o homem, e refere a obra. Aqui verificamos que Fernando Pessoa não se refere a nenhum homem em particular, mas sim à HUMANIDADE! O poeta  acha que desde que nós queiramos, conseguimos tudo, tal como refere o provérbio: QUERER É PODER! Nada é impossível! (...)

Apesar de vocês perceberem que é necessário ler, ler, ler, alguns ainda dirão que ler é uma grande seca! Não é? Olhem, tenho aqui um livro (...) Como um romance. Lembram-se, eu ensinei-vos como devem  tentar perceber o conteúdo de um livro: através do título, das cores, dos desenhos da capa e contracapa (...) Reparem no que diz a cinta que envolve este livro: «Se quer que o seu filho leia, não deixe de ler este livro»

Na verdade, a capa deste livro e as cores que a envolvem não favorecem muitas hipóteses de descodificação para o conteúdo do mesmo, por isso eu vou ler-vos algumas passagens, página 11: « O verbo ler não suporta o imperativo. É uma aversão que compartilha com outros: o verbo «amar»… o verbo «sonhar»…

É evidente que se pode sempre tentar. Vejamos: “Ama-me!”, “Sonha!”, “Lê!”, “Lê, já te disse!”.

“–Vai para o teu quarto e lê!”

-Resultado?

-Nada.»

E na página 13: «Esta aversão à leitura é ainda mais inconcebível, se pertencemos a uma geração, a uma época, a um meio, a uma família em que a tendência era exatamente para nos impedir que lêssemos.

-Pára de ler, vais estragar os olhos! – Vai lá para fora  brincar, está um dia lindo. /-Apaga a luz ! Já é tarde!» 

(...) Como o tempo já vai longo, e antes de terminar, quero dizer-vos que tenho aqui uma surpresazinha. Cada um de vocês, cada aluno do 7º. e do 8º. Ano, vai tirar um papelinho destes sacos. Haverá apenas um papelinho premiado: será um livro, mas …para os vossos pais. É um livro muito interessante. Vão ver.


E termino com uma frase de outro filosofo de nome Descartes, que dizia «penso, logo existo». Este filosofo aconselhava duvidar ao menos uma vez na vida, para nos desfazermos dos preconceitos que atrapalham o saber. Cada vez se estuda mais e cada vez mais temos mais dúvidas e isso acontece porque somos humanos e porque somos muito exigentes connosco próprios.

Assim, parece óbvio que o caminho que devemos seguir é: o caminho da razão, da lógica. É a razão que levanta as dúvidas que depois vão ser esclarecidas através da leitura, através da experiência (tal como dizia Luís de Camões: relativamente à sua sapiência: «saber de experiência feito»), permitindo aumentar o nosso conhecimento."

Professora Clotilde Mota

*Nota: Não reproduzimos aqui o poema transcrito pela professora Clotilde porque o mesmo é muito grande e já se encontra publicado no blogue (data: 7 de Maio de 2013, com o título "Concordância"

Homenagem à Professora Clotilde Mota...na BE!

Ontem, terça-feira, dia 7 de Março, recebemos na nossa BE a professora Clotilde Mota, que deu aulas de Português e Francês na nossa escola durante oito anos, até 15 de Fevereiro último, altura em que recebeu a reforma, para uma conversa com duas das últimas turmas que acompanhou até essa data, o 7º3ª e o 8º2ª, encontro no qual estiveram presentes outros dois ilustres convidados: o professor Nelson Carvalho (antigo prof. de Português da nossa escola) e o professor Joaquim Marques, do qual já podemos dizer que é o nosso poeta, pela sua assiduidade em visitas à nossa escola e pela constante colaboração. Esta sessão foi motivada pelo desejo da Equipa da BE de homenagear uma docente extremamente competente cuja dedicação constante à causa da Língua Portuguesa e ao ensino da mesma, bem como à motivação dos alunos para a leitura e a descoberta das suas capacidades criativas através da escrita tem sido sempre um grande conforto para nós e será, certamente, uma fonte de inspiração para futuras gerações de alunos e professores. Ao nível da nossa biblioteca, queremos, ainda, agradecer à professora a sua constante colaboração com este espaço e esta Equipa na dinamização de eventos de promoção da literatura e da leitura, experiências enriquecedoras que, sem esta docente, não teriam sido possíveis. Neste dia tão especial, contámos ainda com uma exposição de alguns dos numerosos trabalhos de escrita criativa que a professora Clotilde desenvolveu com os alunos durante os seus largos anos de ensino, com especial destaque para os que foram elaborados nesta escola, entre 2006 e 2012.


Transcrevemos agora alguns excertos do texto introdutório escrito pelo ex-aluno Tomás Vicente, que foi aluno da professora Clotilde entre 2006 e 2010.

"Não creio que haja alguma coisa perfeita neste mundo e nesta vida. Não faz mal. Se virmos bem, a perfeição só é importante pelo facto de não existir, não é um conceito ou estado a ser atingido, é um objectivo a ser perseguido ao longo de toda a vida, uma disciplina para cingir a nossa existência.[...] Imaginemos um grupo de corredores que, numa prova, se esforçam por alcançar a meta. Agora, imaginemos coisa insólita, imaginemos uma meta que, à medida que vamos galgando distância, se afasta de nós, repondo o espaço que percorremos, sem, no entanto, desaparecer jamais do nosso campo de visão mas também sem passar aquém da linha do horizonte. Nesta, como em qualquer outra corrida, a meta só tem o significado do caminho que se percorreu; não se triunfa na meta, triunfa-se na jornada até à mesma [...].

Vivendo nós num mundo em que se tem generalizado a ideia de que o resultado é que conta e se tem vindo a perder a noção de que o percurso é que conta e que é o modo como chegamos ao patamar final que conta e nos define, é importante reiterar que o primeiro papel da vida de cada um de nós é, precisamente, esse, o de levar o ser à superação de si, orientada por um vector de disciplina e mérito humano (em todas as suas vertentes) orientado em sentido ascensional. E é muitíssimo importante que a ESCOLA continue a encarnar esta filosofia, erguendo-se, como um edifício humano, dos valores que lhe servem de base. Igualmente premente é que se perceba – que o percebamos todos nós, alunos, professores funcionários e que seja essa a percepção fundamentada e a expectativa de fora para dentro, da sociedade para o meio académico – que a épica jornada do ensino-aprendizagem é uma viagem contínua direccionada para um objectivo sempre mais  alto e mais longínquo. A meta, em consistência com o Dever, justificação e orientação suprema de todas as coisas, não é, nem pode vir a ser, sem prejuízo para a credibilidade dos valores que o ensino encarna, o fácil, o óbvio, o tangível. O desafio que abraçamos com a aventura da educação é o da busca do vencimento de obstáculos mais difíceis, da impetração feitos quiçá menos visíveis, mais irreais, mas não menos verdadeiros, tendo em vista fins mais nobres, conhecimentos mais vastos ou a conquista de mais laboriosos objectivos. Aprender deve ser, sempre, como subir à Serra da Estrela com os olhos postos na conquista do Everest [...].

É urgente regenerar (ou preservar, nos casos em que tal possa ser feito) mentalidades para que todos os envolvidos neste processo e todos aqueles que, fora do meio escolar, desempenham papéis, mais ou menos importantes na formação moral e intelectual de futuros seres humanos e cidadãos que se querem conscientes, verdadeiros, revestidos de um profundo sentido de ética e do dever, para que não seja nunca esquecido que a relação ensino-aprendizagem-descoberta, possibilitando a experiência, dada à criatividade, ao desenvolvimento e à continuidade, é, em verdade, a luz do mundo e que a chave para um mundo mais justo, mais nobre, mais ético parte deste contexto e dum esforço concertado no sentido de pautar pela rectidão a mentalidade e formação dos jovens, cuja natureza compreende inúmeras potencialidades, humanas e intelectuais, que necessitam de ser guiadas [...].

[...] Acima de tudo, é preciso que nós, alunos, entendamos, desde logo, que a escola fornece conhecimentos, não nos dá, nem pode dar, o elixir do sucesso; dá-nos, isso sim, a possibilidade de desenvolvermos as capacidades que nos permitirão, à custa de esforço e dedicação constantes, construir o nosso futuro e abrir a porta para o eventual sucesso [...]. A aprendizagem é, de certo modo, a descodificação do mapa encriptado que nos leva até essa porta: ninguém nos diz onde ela está, nem o que nos aguarda do outro lado; recebemos, somente, as ferramentas para a encontrarmos e rodarmos a chave para o lado certo na fechadura ou, pelo menos, para encontrarmos o nosso norte, o nosso lugar no mundo. A escola não é, nem pode ser, o fornecedor de respostas rápidas e fáceis para questões complexas. [...] Este processo de crescimento, mais do que destinado a prover-nos de soluções, tem como finalidade ensinar-nos a fazer perguntas. As respostas trar-no-las-á a vida, quando devolver o eco das nossas perguntas.


Todos nós temos necessidade de orientação enquanto percorremos este trajecto [...] e [...] de ter por perto alguém idóneo a quem possamos recorrer quando não soubermos que pergunta fazer. Essa é a essência do trabalho do professor – ser o transmissor de conhecimentos, sim, mas, acima de tudo, motivar, guiar, orientar, levar os formandos a questionarem-se a si mesmos e a tudo o que os rodeia. O professor tem uma profissão árdua, mas nunca árida. Por muitos graus académicos que detenha, por mais vasta que seja a sua erudição (e muito necessário é que o seja), o professor acaba por nascer aos poucos na escola, através do contacto directo com os seus alunos [...].

A docência é, em si mesma, um género de sacerdócio, mas um sacerdócio especial cuja substância abstracta se materializa nos efeitos que catalisa e em que o sublime deixa de ser intangível, passando a poder ser tocado, mesmo se apenas levemente, em ambiente de sala de aula. Há, também, uma disciplina moral intrínseca desta relação simbiótica entre formador e formandos que, creio bem, é o catalisador da primavera do que de melhor há no espírito humano [...]. O amadurecimento faz-se ao longo da escola e da escola da vida, tal como se vai aperfeiçoando o sacerdócio do ensino que o orienta, na demanda por aquela fugidia linha de horizonte em que o real e o ideal se confundem, uma demanda que é o cinzel da nossa existência.

Hoje, reunimo-nos aqui para receber a professora Clotilde Mota. Viemos aqui ouvir, beber da sabedoria de um membro da nossa comunidade escolar que sempre se destacou pela sua contínua e perseverante busca de excelência e em quem – creio que falo por todos nós – pensamos já com saudade e por quem sentimos um profundo apreço e respeito que lhe é devido pelo seu longo contributo e pela incansável dedicação. Se é verdade, como eu creio que seja, que um dos piores males que afligem a nossa sociedade é não nos ouvirmos uns aos outros, então, não pequemos mais por isto e ouçamos agora, não como quem tira apontamentos para debitar num teste, mas como quem veio – como espero que tenhamos todos vindo – pela simples oportunidade de nos vermos enriquecidos moralmente pela partilha de experiências de quem já nos deu tanto e certamente terá muito mais para nos dar ainda, porque, como dizia Hipócrates, a arte é longa e a vida (ou o tempo, neste caso) é breve.

Quis-se que este encontro fosse também uma homenagem a esta nossa professora [...]. E, como a memória grata que de alguém guardamos é, talvez, a melhor homenagem que podemos fazer a essa pessoa, lembremos pois – mas lembremos sempre - uma pessoa que, tanto a nível profissional como a nível humano, primou sempre pelo mérito, pela dedicação abnegada e pela humanidade da sua actuação. Digamos também: bem-haja!
Tomás Vicente Ferreira"


Depois de transcrevermos este texto emocionado, resta-nos dizer que a sessão, foi, obviamente, um momento sublime durante o qual fomos percorridos por uma sensação de realização, o tipo de sensação que gostaríamos que preenchesse todos os nossos dias! Obrigado, professora Clotilde, e obrigado também aos estimados convidados que puderam estar presentes nesta momento tão especial! Esperamos que, parafraseando o poema do professor Joaquim Marques, lembrando-nos de que há o regresso, as horas nos apontem a morada para um novo encontro, em que possamos de novo reunir-nos neste ambiente. Obrigado a todos!