30/04/12

Feira do Livro de Lisboa - 2012

Mais outro acontecimentos importante para os bibliófilos da nossa escola! A 82ª Edição da Feira do Livro de Lisboa, promovida pela APEL vai abriu na terça-feira, dia 24 de Abril, no Parque Eduardo VII, e prolongar-se-á até 13 de Maio; como sempre, é uma oportunidade soberba para os devoradores de livros adquirirem bons exemplares a preços em conta.
A Feira do Livro reúne num mesmo espaço as principais editoras portuguesas e até outras menos conhecidas em cujas bancas encontramos, frequentemente, autênticos tesouros, assim como alfarrabistas que nos oferecem deslumbrantes colecções de livros antigos. muitas vezes já fora de circulação nos mercados modernos por falta de re-edições. Todas estas entidades se reúnem, não só para o comércio, mas também para a celebração do ideal do livro e do estímulo ao sonho que é a leitura. Além disso, o leitor e o bibliófilo menos apressados podem deambular durante horas e horas por entre as bancas repletas de volumes variados saboreando uma apetitosa fartura (uma autêntica tradição da feira!), ouvindo calmamente o que lhe dizem as vozes dos livros...

Se quiseres ler um pouco mais acerca da Feira do Livro e das impressões com que dela ficaram alguns ávidos leitores, clica aqui!

23/04/12

O que pensas sobre o livro?

É o dia mundial
do livro, nosso amigo,
por isso vem à BE
escrever um comentário original
sobre o que é para ti
este mundo de papel!

É dia do Livro, é dia de participar, 
vem cá e não te esqueças, 
que ficamos à espera 
de que apareças!

"Um livro é um mudo que fala, um surdo que responde, um cego que guia, um morto que vive."
Padre António Vieira

19/04/12

Dia Mundial do Livro 2012

Atenção, alunos e alunas, professores e professoras! Vimos anunciar um evento muito importante para todos os amantes da leitura e dos livros: o Dia Mundial do Livro é no próximo dia 23 de Abril, segunda-feira!

O Dia Mundial do Livro é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril.
Trata-se de uma data simbólica para a literatura, já que, segundo os vários calendários, neste dia desapareceram importantes escritores como Cervantes e Shakespeare. A ideia da comemoração teve origem na Catalunha: a 23 de Abril, dia de São Jorge, uma rosa é oferecida a quem comprar um livro. Mais recentemente, a troca de uma rosa por um livro tornou-se uma tradição em vários países do mundo. Podes ler mais e  apreciar todos os cartazes lançados desde 2002 a 2009 clicando em DGLB, para ir para o site desta organização.

Na nossa BE, vai haver uma "caixinhas das surpresas" onde podem colocar sugestões de livros que gostassem que a biblioteca adquirisse. Num dia tão especial, gostávamos de reafirmar, mais uma vez, lembrar os nossos leitores de que os livros representam um valor muito importante na nossa vida. Não se esqueçam de passar pela BE e de levar um bom amigo feito de papel para vos entreter ao serão!

Vem à BE
ver como é...


ainda podes participar neste passatempo lançado pela DGLB e ler mais sobre o que significa o livro clicando aqui.

Nota: de 17 a 23 de Abril, a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) promove a edição de 2012 da Semana dos Livreiros. Informa-te sobre o assunto!

02/04/12

Sequência poética 13

Poema ao que Não Vi
Na pressa de tudo preservar,
Na alva brancura do papel;
De lá guardar todo o mundo,
Este grande Universo alegre e salutar,
Usando apenas o doce lápis –
- Nunca o duro cinzel -,
E, depois de tanto retrato feito,
Tanto cenário lavrado,
Vejo, com desgosto e desespero,
Que tudo foi obliterado:
O quadro estava vazio.
É que pintei o que não vi
E o retrato ficou oco, desnudo;
Pintei os prados que não conheci
E, em vez da erva longa e dolente,
Ficou no quadro a espessa bruma dormente,
Névoa passageira que, depois de afastada,
Apenas deixa entrever o nada.
Ai de mim! Pintei como um cego,
Escrevi sem letras, sem encanto,
Pois, no frémito da loucura
De tudo registar,
Esqueci-me de observar.
Lanço, agora, a tinta e a caneta
Para o canto mais escuro,
Para onde olhar já não procuro.
Penso em abrir os olhos,
Ver maravilhas.
Que a velhice tenha
Mais lesta a destra mão,
A mina mais certeira,
Clara e pura a longa memória
De coisas que, através dos anos,
São pérolas fugidias;
Vibrante terá de ser a imaginação
E ainda forte o coração;
Que Freija e Ódin a mortal
Alma inspirem então
Com a perene, imortal
Dádiva da divagação.



Serra Verde
Eu conheço uma altiva serra
Que de muitas cores se compõe.
Pela manhã de branco manto
Se cobre, misteriosa de encanto;
Quando o sol se ergue, forte,
E desça do seu porte
As suaves e duras linhas graciosas,
O olhar vê aflorar rochas castanhas
Ou ondular verdes florestas
Onde as árvores cantam as façanhas
De Pã, senhor dos bosques.
Nada resta, então, da subtil
Manta matinal aveludada.
Tudo é força, tudo grandeza.
Mas, eis que o sol caminha
A passos firmes para lá do horizonte,
Emprestando agora a cor do fogo vivo
À montanha que meu olhar tem cativo.
Depois, extinto o fogo na lareira,
Olho a serra bela, antes trigueira,
Agora sem espinhaços despidos,
Sem rochosos afloramentos erguidos,
Agora de um tom suave e sonhador,
Não era verde-azulado
Ou azul-esverdeado,
Mas sei, no coração
Que era a cor de doce sonho são.
Ó serra maravilhosa, até à vista;
Prometo fielmente voltar,
Sem medo de à palavra dada faltar,
Pois a teus encantos não há quem resista,
Se pelos teus arvoredos já o olhar

Espraiou, desde os altos cabeços ao mar.



O Sonho Sonha Verdade
O sonho segue, diligente,
Os passos da imaginação,
Tocando apenas levemente
As raias da realidade, e docemente;
E, no entanto, o coração
Ou o espírito sonhador
Conhecem-na, sonhando, muito melhor
Que a própria Razão.


A Árvore
Estou sentado debaixo de uma árvore,
Um imponente espécime belo,
Que é como todas as árvores devem ser:
Denunciadora da Natureza inconquistada,
Vontade indómita de árvore.
Bebe-me os pensamentos e memórias,
Sentimentos e emoções;
Bebe tudo o que sou,
Bebe a minha nostalgia,
Por um tempo que passou;
Bebe-me a mim
De tal modo que dela
Me não posso já apartar.
Ai! Mas eis que, um dia,
Chegam duros algozes para a derrubar
A golpes de machado e de ódio,
Golpes feitos de azar e vão destino,
Que cortam a minha árvore
Mas, na sua cegueira,
Cortam-me também a mim.
Cortam-me as esperanças,
Dilaceram-me a vida
E, que já cortado estou em mil bocados,
Nunca me irei recuperar
Dos golpes suportados.


A Recordação que de nós me ficou
Correm as horas, os momentos,
Causando-me incontáveis sofrimentos
Pelo desaparecimento das tardes de alegria
E das doces manhãs de melancolia.
Parece-me que a vida breve foge,
Que se me escapa por entre os dedos
E, tentando agarrá-la, só agarro penedos
De duro e cruel esquecimento.
Os dias morrem e as noites nascem;
O mundo muda, rejuvenesce,
Mas eu não o acompanho,
Preferindo dos dias seguir o curso
E, a cada triste crepúsculo,
Morrer com eles a Ocidente.
Mas não posso eternamente perecer
Com o tempo que, para lá do mar;
Não posso perpetuamente perseguir
As recordações que tenho de ti,
Que lá longe se quedam,
Junto com os dias que perdi.
Já não vivo sob o mesmo sol
Debaixo do qual te vi rir e correr,
Cantar e chorar as agrestes tristezas,
Entristecer e alegrar pela vida que corria;
Já não são as mesmas árvores
Que vejo agora, a cada momento,
Que eram as que a nossa felicidade conheceram,
Pois há muito que se foram e não retornaram;
Já não é o mesmo Universo,
Aquele que connosco riu e se emocionou,
O que nos viu as pequenas e gigantescas alegrias,
Os grandes desgostos, as brincadeiras…
E, no entanto, ele lá está,
Onde então estava e sempre estará.
E, se o mundo não se transformou,
O que foi que aqui se alterou
Para já não ser este covil desnudado
O cristalino Mundo que nos abrigou?
A mudança deu-se em ti,
Pois há muito partiste
E ainda não voltaste.
Não te apresses, eu espero;
Espero pelo regresso,
Pelo dia que ainda não chegou.
Agora, suplantando a alegria antiga,
Me tem esta destruidora tristeza tomado,
Pois como posso eu seguir-te
Para além das fortes ondas do oceano,
Que não se fazem só de água e sal?
Assim, o teu regresso estou imaginando,
O dia em que alegria me virá do mar,
Do mar que ontem ma tirou.


Insónia
Noite. Desce a negra treva
Que do luar empresta o brilho ao breu
E dos céus a luz solar leva
Para a levar aonde já a lua se escondeu.
Por toda a parte o sono lesto enleva
A Natureza que, prestes, adormeceu.
Deitado na quente e macia cama
Sentindo do ar a dormente sonolência
Que me não chega, escuto o drama
Doce e mudo da noctívaga demência
Daqueles que o sono não ama.
Eu sou um deles, embalo-me nessa cadência.

Há em tudo, lá fora, a música sobrenatural,
Nocturna, do tamborilar da chuva, que fustiga
Janelas e estores, impedindo que o intemporal
E frágil casamento do luar com o silêncio prossiga
E, do âmago desconhecido da noite animal
Compõe-se esta apaixonada cantiga.
Os dedinhos dos génios da chuva fria,
Matraqueiam, traquinas, nos beirais;
Caem gotas de esbelta forma esguia,
Mais céleres que lestos pardais,
Compondo na noite mosaicos e cortinas irreais,
Banhados pela luz misteriosa do luar.

Tal como os construtores de catedrais,
Sempre a chuva conta belas e longas histórias,
Desenhando-as nos seus oníricos vitrais,
Que atiçam idas, longínquas e doces memórias
De alegres anos há muito passados, nunca iguais,
De longínquas realidades ilusórias.
E nas tilintantes e argênteas gotas de chuva,
Sabiamente moldadas nos contornos de uma uva,
Contam-se os secretos sonhos da noite,
Que dançam com o luar, que reclama
Para a pálida luz tudo o que no escuro se acoite.

O sono é inexorável, ainda não me chama,
Mas deixo-me ficar na aconchegante cama
A ouvir o que me dizem as vozes da noite.
Tomás Vicente (ex-aluno)