30/06/15

Selecção Musical X - Arvo Pärt (n.1935)


Salve Regina, para coro e órgão (2001)



Spiegel im Spiegel, para violino, viola ou violoncelo e piano (1978)



Mein Weg, para 14 instrumentos de cordas e percussão (1999)

Retrospectiva - Impressões - "Movimentos do Olhar"

Movimentos do Olhar


O olhar é em si mesmo um mistério por desvendar. Nunca sabemos onde vai parar, qual o pormenor que fixará, se o brilho do sol do fim da tarde numa ramagem que parece, por um instante, a própria encarnação da cintilação, se um pedaço de céu onde um Pintor maior parece mapear mistérios; ou então se é no geral, no abarcar de uma colecção de formas de uma só vez. Não podemos nunca prever que olhar nos chamará a atenção e fará reter, por um momento tão ínfimo que quase se cria insubstancial, a nossa respiração, ou que chuva de matizes chamada cabelo acharemos a manifestação da harmonia de uma manhã - única, porque o facto é que todas as manhãs o são, que um instante destes ou é absorvido no instante infinitesimal em que se produz ou perdido, porque o comboio seguiu em frente já, quando nos voltámos para olhar melhor.

Mas não se confina ainda aqui o reino que ao olhar se oferece. Todas as dimensões de tempo e espaço se nos abrem para que as contemplemos - basta procurar...ou esperar o momento em que o "click" se der, o momento em que o mundo não mais é o que era antes de um sopro vindo do nada. Somos homens, temos este privilégio, que é também a nossa tragédia, de perder mil perspectivas possíveis, outras tantas vidas microscópicas, ao tomarmos uma, ao enveredarmos por uma.

Mas este breve texto não pode, infelizmente, ser tão longo quanto a sua matéria, pelo que me concentrarei, aqui, em particuar, com uma dimensão do olhar dessas que procurei deixar entrever pelos meandros da prosa autonómica em que vos escrevo. Essa dimensão chama-se Tempo. Não vou questioná-la (muito), vou só, como um admirador de arte vivente de arte, dar dois passos atrás e contemplar o objecto do meu discorrer. Deixo-vos os encantos do presente, aflorados, tão-só, no início deste texto. Todos nós, todos os dias, nos esquecemos um pouco deles, para nosso mal, até que, por fim, por vezes, somos apenas autómatos.

Queria apenas falar um pouco sobre o passado e, saltando sobre o instante presente, ousar um fugidio relance aos dias agora contados futuros. Entre Telheiras e Carnide, entre o Jardim de Infância de Telheiras, a antigamente chamada Escola EB 1 nº 57 de Telheiras, a Escola EB 2+3 de Telheiras nº1 e, finalmente, a Escola Secundária de Vergílio Ferreira, muitos dias, muitas memórias acarinhadas se acham contidas, como numa concha que deixasse ressoar o mar distante que lhe ficou impresso. Um período que cobre, os anos, se não estou em erro, de 1999 a 2013 e, de certo modo, na minha contínua colaboração de rato de biblioteca, até este nosso 2015 que já vai quase a meio. Ao voltar, agora, o olhar para o percurso que me trouxe até ao lugar do presente, não consigo deixar de me focar, sobretudo, nos anos chave que passei entre a Escola Básica 2+3 de Telheiras (por mais que lhes mudem os nomes, estes são os que têm, e terão sempre, para mim) e a Escola Secundária de Vergílio Ferreira. Numa, a criação de uma lar feérico, de um conceito de imaginário, da mistura retemperadora em que se unem o frio do Inverno e o calor de uma biblioteca cheia dos prazeres da descoberta das palavras, os bancos inspiradores e os jardins como não se farão outros iguais; noutra, os mestres, o escolasticismo admirável, um certo academismo tolkieniano, o encontro de um sentido para dons e sentimentos, para talentos, propósitos nebulosos, romantismo e alma. Pendulares, entre as duas, como o pêndulo desse relógio imparável que vê os dias migrarem de nascente a poente, até mesmo os frágeis e belíssimos cristais quebradiços de um primeiro amor cujas cintilâncias ficam na memória, na alma, como no céu nocturno a Estrela Polar.

Consciência aguda me trespassa de que destes ingredientes, puramente, se constrói uma paideia, suma dádiva, rara, que me foi concedida no contexto desta rede onírica e se prolonga até ao momento em que escrevo e continuará para lá dele modelando o barro que sou. Não sei coisa tão grande, tão importante, se pode retribuir de alguma forma. Se pode, o que fiz, mesmo enquanto voluntário nas bibliotecas destas duas últimas escolas, ciclo tantas vezes calcorreado, fica muito, muito aquém do mistério que herdei e que sei caber-me transmitir.

Na vida de um dentre os muitos alunos destas duas escolas tão meritórias, um ciclo está a chegar ao fim e outro a despontar nuns horizontes que o coração treme de adivinhar. Agradeço o passado, agradeço a estrada que nunca falta à frente dos pés do viajante que, como Tolkien escreveu em versos simples de sábio intemporal, ousa sair à porta para fora:


The Road goes ever on and on
Down from the door where it began.
Now far ahead the Road has gone,
And I must follow, if I can,
Pursuing it with eager feet,
Until it joins some larger way
Where many paths and errands meet.
And whither then? I cannot say.
But somewhere, surely. O caminho é a única certeza, o mais belo dos mistérios.

Tomás Vicente (ex-aluno)


15/06/15

Um dia para ouvir...boa música!


Holberg Suite, Op. 40, de Edvard Grieg (1843-1907), cujo aniversário se comemora precisamente hoje, 15 de Junho de 2015

09/06/15

Maria Almira Soares - artigo

Aqui deixamos um artigo extraído de um número do Jornal de Letras do ano passado sobre "a alegria de ensinar"


02/06/15

Prequelas aos filmes "O Hobbit" e "O Senhor dos Anéis"

Em termos de cronologia das narrativas de Tolkien, para os fãs d'O Senhor dos Anéis e d'O Hobbit, os seguintes filmes localizam-se, respectivamente, antes de que qualquer um deles no caso do primeiro e entre O Hobbit e a sua famosa continuação O Senhor dos Anéis


Born of Hope (2009?) "is an idependent feature film inspired by The Lord of the Rings and produced by the Actors at Work Productions. Para saber mais, clique aqui! 


Para ver The Hunt for Gollum (2009?) e a explicação do processo de filmagem, clique no título do filme.





Selecção Musical VIII - John Cage


"In A Landscape" (1948)



"Litany for the Whale" (1980)



"Dream" (1948)


Entre a lenda e a verdade...para rir!