30/03/13

LER+

         Abril é o mês dos Livros e da Leitura por excelência  é o mês de LER EM TODO LADO.
  
De 1 a 28 de abril, serão apresentadas diversas iniciativas para celebrar o Dia Internacional do Livro Infantil e o Dia Mundial do Livro, dias 2 e 23 de abril, respetivamente.



25/03/13

Dez melhores Poemas

Poemas conhecidos de autores brasileiros e estrangeiros publicados nos últimos 200 anos (de 1813 a 2013), disponíveis AQUI.

19/03/13

Dia do PAI

Não deixes de escrever uma mensagem, neste dia especial, para o teu PAI!!
Escreve a tua mensagem no site dos CTT e os papás ainda podem participar no Passatempo"O Pai Mais Horrível do Mundo!




15/03/13

Um História para a BE: A Fábula da Aranha


“Velha aranha gorda numa árvore a tecer! (…)
Não páras de tecer para me procurar?

Velha aranha manhosa, só corpanzil,
Velha aranha manhosa, espiar-me não podes!
Aranha, aranhona,
Cai daí a baixo, glutona,
Nunca me apanharás a subir a tua árvore!”
J. R. R. Tolkien, O Hobbit


Quero contar-vos uma história. E, como acontece com todas as histórias, esta pretende ensinar-vos algo. Ora vejamos o que são capazes de retirar dela…
Esta é a história de uma grande aranha, muito gorda, feia e cobiçosa que passava os dias a tecer a sua teia de engano e perfídia. Era uma azeda até á medula dos ossos e a única coisa que lhe ocupava o espírito era a procura de comida. Para isso, lá ia estendendo a sua teia, fiando e tornando a fiar…Todos os dias e aranhona gorda apanhava centenas de moscas incautas, que caiam na sua armadilha que nem patinhos, e comia-as todas, sem deixar uma migalha que fosse. Era um prodígio da gulodice.
Expulsava as outras aranhas das redondezas, porque não queria concorrência e tratava-as altivamente, olhando-as do alto do seu soberbo orgulho. Era a Rainha-Aranha das imediações.
Mas lá por ter barriga grande não ficava mais inteligente – diga-se de passagem que a sua barriga era tão grande quanto pequenos eram os seus miolos. E, por não ser lá muito esperta, não percebia que quem abusa da sorte corre o risco de cair do poleiro.
Certo dia, um gafanhoto atarracado e matreiro ia a voar baixinho, mesmo em direcção à teia da aranha mas, vendo o obstáculo, deu uma guinada súbita para cima e safou-se. A aranha, que tinha visto o sucedido, ficou furiosa. Mesmo não sendo um crânio, sabia tirar vantagem das derrotas e precaver-se contra o futuro. Por isso, falou ao safado do gafanhoto, que a fizera perder o jantar, tão melosamente quanto conseguiu:
- Olá, senhor Gafanhoto!
- Olá, Gorducha. – retribuiu o gafanhoto, desdenhando da  cortesia da aranha, que, sabia-o ele muito bem, era doutora em logros.
- Não me poderias dispensar uns minutos do teu tempo? Precisava da ajuda de alguém como tu…
O gafanhoto, rindo para consigo, replicou:
- Ora, diz lá o que queres que eu faça?
- Nada de muito difícil…olha, estás a ver aqui a minha teia? Está tão sedosa e cintilante…mas não sei se é realmente eficaz. – observando o gafanhoto, largo o pedido – Podes ajudar-me a testá-la? Só tens de ganhar balanço, lá bem ao fundo e investir contra ela.
O gafanhoto riu para consigo de novo, ainda com mais gosto. Decerto que a malvada da aranha contava, com aquilo, alcançar um suculento jantar: ele próprio. Mas ele ia fazê-la arrepender-se…
- Oh, claro, conta comigo. – e, tomando balanço, investiu numa determinada direcção. Mas, mesmo antes de chegar à teia, deu de novo uma guinada e passou por baixo dos fios da teia, ao mesmo tempo que a aranha investia contra o sítio onde contava que ele estivesse e alguns fios se enredavam nas suas patas traseiras.
- Agora deste lado – pediu a aranha.
Andaram assim muito tempo, sempre sem que a aranha alcançasse a sua ágil presa; e a cada investida, as suas pernas ficavam mais enleadas na teia. Depois de mais algumas furiosas tentativas por parte da avara comilona, o gafanhoto, mirando-a, disse:
- Então, Gorducha, ainda queres que teste a tua teia mais algumas vez? É que, pelo que vejo,  está excelente…para te apanhar a ti mesma! Aí tens um belo nó para desatar!
E foi-se embora a rir, deixando a aranha totalmente envolta pelos resistentes fios de seda. Eis como uma aranha se vê apanhada na própria teia!

Tomás Vicente 

Um poema

Silenciosamente por entre as Árvores
Estenderam aos dias um tapete de seda
Para que corressem céleres e discretos
Como crianças descalças nos bosques,
Que silenciosamente correm entre as árvores,
Saltitando nos pequenos pés desnudos.
Não sei quem o fez, mas foi mal feito,
Porque agora queremos agarrar
Os matreiros dias velozes,
Mas nem mesmo os ouvimos chegar,
Porque passam nesse tapete
Num silêncio de morte e perda,
Pois, em comparação, o som
De pés pisando o manto castanho
De folhas do Outono, seria
Como o trinado de um pássaro
Abafando o rastejar de uma minhoca.
Assim, os dias aprenderam a lição
E fogem rapidamente
Com os pés envoltos em algodão,
Deslizando entre as árvores do silêncio,
Deixando para trás escassos rastos etéreos

Do tempo em que adejaram pelos bosques.
Tomás Vicente (ex-aluno)

11/03/13

Ler o Mar...


"Era uma praia muito grande e quase deserta onde havia rochedos maravilhosos. Mas durante a maré alta os rochedos estavam cobertos de água. Só se viam as ondas que vinham crescendo do longe até quebrarem na areia com um barulho de palmas. Mas na maré vazia as rochas apareciam cobertas de limo, de búzios, de anémonas, de lapas, de algas e de ouriços. Havia poças de água, rios, caminhos, grutas, arcos, cascatas. Havia pedras de todas as cores e feitios, pequeninas e macias, polidas pelas ondas. E a água do mar era transparente e fria. Às vezes passava um peixe, mas tão rápido que mal se via. Dizia-se «Vai ali um peixe»e já não se via nada. Mas as vinagreiras passavam devagar, majestosamente, abrindo e fechando o seu manto roxo. E os caranguejos corriam por todos os lados com uma cara furiosa e com um ar muito apressado.

O rapazinho da casa branca adorava as rochas. Adorava o verde das algas, o cheiro da maresia, a frescura transparente das águas. E por isso tinha imensa pena de não ser um peixe para poder ir até ao fundo do mar sem se afogar. E tinha inveja das algas que baloiçavam ao sabor das correntes com um ar tão leve e feliz.

Em Setembro veio o equinócio. Vieram as marés vivas, ventanias, nevoeiros, chuvas, temporais. As marés altas varriam a praia e subiam até à duna. Certa noite, as ondas gritaram tanto, uivaram tanto, bateram e quebraram-se com tanta força na praia que, no seu quarto caiado da casa branca, o rapazinho esteve até altas horas sem dormir. As portadas das janelas batiam. As madeiras do chão estalavam como madeiras de mastros. Parecia que as ondas iam cercar a casa e que o mar ia devorar o Mundo. E o rapazito pensava que, lá fora, na escuridão da noite, se travava uma imensa batalha em que o mar, o céu e o vento se combatiam. Mas por fim, cansado de escutar, adormeceu embalado pelo temporal."

Sophia de Mello Breyner Andresen,  A Menina do Mar