26/07/13

A Resistência do Ser Humano


O ser humano é um bichinho resistente, não é? Conseguimos arcar com muito mais do que aquilo que, à partida, seria previsível - e aguentar provações que nós próprios diríamos que não conseguiríamos superar nem suportar; pelo menos não saindo com o juízo intacto. Parece que, afinal, não somos assim tão diferentes (bem, eu falo sempre na generalidade, mas devo salientar que me refiro sempre a um universo de pessoas mentalmente sãs e de bons princípios e nobres valores, o que reduz bastante o número) dos pequenos grandes hobbits do universo da sub-criação de Tolkien. Também Frodo conseguiu transportar um fardo gigantesco numa jornada que, à partida, estava condenada ao fracasso.

"(...) E o fio da angústia não se quebrou e a dor não se tornou insuportável. Então, porque continuava a suportá-la e a ser capaz de avançar, sentiu-se simultaneamente consternado e consolado e compreendeu que, de uma maneira um tanto vaga que, afinal, não há nada que não sejamos capazes de aguentar(...)" é o que nos diz Edith Pargeter no numa das últimas páginas do segundo volume da trilogia "A Árvore da Vida", O Ramo Verde. E, assim é de facto. Apenas quando nos encontramos numa situação realmente extrema, seja física ou psicologicamente, compreendemos estas admiráveis palavras. Não há nada que não sejamos capazes de aguentar, de uma maneira ou de outra. O factor decisivo para o nosso conflito interior se decidir entre desistência ou persistência está no nosso espírito. Fazemos de nós próprios aquilo que a nossa alma quer mas, à partida, temos hipóteses de optar com a absoluta liberdade por qualquer coisa porque temos em nós meio de optar e arcar com as consequências de qualquer um destes dois caminhos. Resta-nos fazer bom uso, um uso bom e recto, desta admirável máquina viva e emotiva que é o corpo humano....

Muitas vezes, as trevas parecem demasiado negras para que alguma luz possa existir nelas. Mas, depois, para nosso espanto - se não nos entregarmos ao desespero -, descobrimos que há sempre um farol na noite, há sempre uma candeia na escuridão. As trevas não podem ser absolutas. Que sentido teria o mundo se assim fosse. Chamem-me idealista ou sonhador, não importa. Seja. Eu acredito que assim seja e espero que a vida permita que eu me some ao número dos que não se derrotam a si próprios com o desespero, porque, palavra de honra, às vezes já não sei de onde me vem a razão nem as forças para o fazer. E, por vezes, tremem mesmo e querem fazer esboroar-se o castelo que vou construindo e as protecções que vou erguendo. O mundo tem um significado e nós temos um significado dentro dele. Logo, a nossa missão é não desmoralizar nem desistir da rectidão ou dos valores justos. Fará a diferença. 

E, quando faltar o ânimo para tal, é ler alguns livros que tanto alento dão a quem precisa. Este que citei, por exemplo, deu-me um alento e uma determinação novos. O livro do mundo está nas nossas mãos, escrevâmo-lo como deve ser. Coragem, amigos!

Tomás Vicente (ex-aluno)

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