13/07/12

A Escrita...no essencial...


"A escrita dá que pensar, é um diabinho irrequieto. Quanto mais nos dava jeito que não nos perturbasse os pensamentos e o lógico curso das coisas (que - idiossincrasias da vida - muito tem de ilógico), mais quer dar-se a conhecer, insinuar-se nos nossos pensamentos...às vezes é uma história que nos chega sussurrada pelo vento e não mais nos abandona, até que a escrevamos, ora um poema que, no coração, luta por sair, por ver o mundo e as suas maravilhas. A escrita é uma ferramenta maravilhosa, uma dádiva de Deus ao serviço de todos nós. Mas é também um quebra-cabeças intrincado, que nos faz o juízo em água...

Queremos a todo o custo produzir um texto que se seja o mais perfeito de que somos capazes, mas parece que o texto é, pura e simplesmente, um aluno irrequieto: nunca quer fazer como lhe mandam...e só para embirrar. Há muitas vezes que, quanto mais nos esforçamos por salientar e tornar clara uma ideia, mais ela insiste em fugir, e as palavras apagam-se-nos da cabeça mal as tentamos ordenar.

E, o que é mais, quando finalmente conseguimos engaiolar uma ideia (como a um pássaro belo) o tempo suficiente para a podermos desenvolver e escrevemos um texto completo e coerente, do qual temos as rédeas (mais ou menos) nas mãos, constatamos com frustração, numa última leitura, que, afinal, o mais importante escapou...ficam lá apenas ecos. É por isso que a mensagem da escrita é transmitida por um compasso ritmado dos espíritos do autor e do leitor, pois o verdadeiro significado de um texto só é apreendido quando sentimos ou pensamos da mesma maneira e temos uma compreensão do assunto e dessa incógnita que é a mensagem que nos permite ler ou dar uma certa profundidade com um sentido para nós próprios, uma vez que, no fim de contas, o que fica registado são apenas pistas para aquilo que de verdade se passou no espírito de quem escreveu...para o conhecimento do significado desse sublime momento de silêncio anterior à palavra, como dizia Saramago.

Por isso, para que vos possais entreter, aqui fica a minha adivinha..."

Tomás Vicente (ex-aluno)

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