27/09/11

As Nossas Verdades


Tive o grato prazer de receber o convite de um ex-aluno da Escola EB 2.3 de Telheiras nr.1 (ele frequenta agora o 11º ano mas continua a ser fiel a este espaço colaborando com a nossa BE), para escrever o texto inauguratório do blog Palavras à Solta. Não soube ou não quis eu recusar o convite. O Tomás, que acompanhei desde o seu 6º ano de escolaridade, mostrou-se sempre um aluno cumpridor dos seus deveres, amigo do seu amigo, íntegro, completo. Como poderia então a professora de Português, reconhecendo todas estas qualidades no seu ex-discente, recusar semelhante convite?
Aceitei portanto o desafio. Contudo, passados os primeiros momentos, interroguei-me: mas que vou eu dizer nesse texto, um texto para um blog, eu, que sou apenas uma auto-ditada em matéria informática?...
O Tomás disse-me depois que o tema era livre (embora o blog se destine a receber textos recreativos) e fiquei mais tranquila…
Então, remexendo na «minha caixinha de recordações», dei comigo a pensar em Leonardo da Vinci, uma das figuras mais importantes do Alto Renascimento (sécs. XV e XVI), e lembrei-me de uma frase cuja autoria lhe é atribuída:

«Aprender é a única coisa de que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende»

Da Vinci, que se destacou nas mais diversas áreas, nomeadamente como cientista, botânico, matemático, anatomista, engenheiro, arquitecto, escultor, poeta, músico, pintor, e é também referenciado como o precursor da aviação, é um exemplo poderoso da frase que ele próprio criou.

A sua personalidade e a sua mente parecem sobrenaturais para os homens comuns, simples mortais. A multiplicidade dos dons de Leonardo da Vinci, as suas capacidades e aptidões tecnológicas permitiram-lhe conceber ideias muito para além do seu tempo, como, por exemplo, «um protótipo de helicóptero, um tanque de guerra ou uma calculadora». Perante a riqueza imensa do seu curriculum, parece-me óbvio que da Vinci foi um verdadeiro polimata, alguém cujo conhecimento não se restringe a uma única área, alguém que é detentor, de facto, de um conhecimento profundo e que, parece-me também lógico, podia ter sido um precursor, um dos criadores/inventores do espaço cibernauta. Espaço esse que é imprescindível para uns, muitos, mas também ainda ignorado por outros, muitos também, nos tempos tão atribulados que hoje vivemos, e que vos permite, a vós, fazer a leitura deste texto redigido de forma absolutamente singela, franca e despretensiosa.
A redacção de qualquer texto tem que ser uma tarefa que exija respeito para com as nossas verdades, que podem, naturalmente, não ser absolutas, mas que devem conter e apresentar a sagesse necessária usando de palavras certas, no momento certo.
Os princípios básicos do humanismo renascentista defendiam que "um homem podia fazer todas as coisas que quisesse ", assim, e considerando também que vivemos num mundo que continua em profunda mutação, decidi que, num ápice, atravessaria séculos de História para chegar aos dias de hoje relembrando um vulto da literatura portuguesa. Termino esta breve reflexão com um extraordinário, actual e significativo poema de Pessoa:

Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar algumas vezes irritado,

Mas não esqueço que a minha vida é a maior empresa do mundo.
E posso evitar que ela vá à falência.

Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver,

Apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.

Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se autor da própria história.

É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis  no recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus em cada manhã pelo milagre da vida.

Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.

É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”.

É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Pedras no caminho? Guardo-as todas, um dia vou construir um castelo…

                                                           Professora Clotilde Mota


Nota: Este texto foi escrito como prefácio ao blogue criado pelo nosso ex-aluno Tomás Vicente, Palavras à Solta na Net, que teve como objectivo servir de suporte a informações adicionais relacionadas com as BE do nosso agrupamento que complementassem as que aqui são divulgadas. Mas o tempo prega-nos partidas grandes e o autor do mencionado blogue não pode continuar a geri-lo, pelo que este será brevemente encerrado. Assim sendo, optou-se por reintegrar aqui (com a data da publicação original) todas as mensagens cujo conteúdo fosse directamente relacionado com a nossa BE e pela reprodução dos comentários que as mesmas tivessem eventualmente recebido no blogue de origem - lamentamos, mas não há nenhuma ferramenta que permita manipular a data dos comentários, pelo que estes terão de aparecer com a data da transposição. Para orientação dos nossos leitores, outras mensagens reintegradas estarão marcadas com um pequeno asterisco no fundo da página.
A Equipa da BE, 14 de Fevereiro de 2013

1 comentário:

  1. Agradecemos-lhe, professora, por este seu fabuloso prefácio e pelas suas generosas palavras de incentivo! Uma escola e uma biblioteca como estas nunca seriam a mesma coisa se não tivéssemos professores como os nossos! Um grande MUITO OBRIGADO de todos nós!

    Tomás Vicente (ex-aluno)
    30 de Setembro de 2011

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