13/12/11

Um poema!

O Palácio de Njord
O velho Njord um palácio tinha
De pedra, no fundo do verde mar,
Verdes e azuis eram as paredes,
Os pilares esculpidos com peixes nas redes;
De madrepérola o chão reluzente
Onde vivia o tempestuoso deus contente;
Pelos marinhos salas e salões
Vogavam mil peixes e bizarros tubarões
E as harpas tangidas eram dos dedos
Das doces ondinas, que quedos
Deixavam todos os que escutavam
A doce música do mar,
Pelos fundos sem rumo a vogar
Os peixes serviam à mesa do deus
De marinho e severo semblante,
Algas nos cabelos e tridente rutilante,
De temível temperamento iroso,
Mas justo carácter generoso,
No fundo do largo e escuro mar
Para onde de antanho fora morar.
Um rei de águas e abismos ele era,
Sentado em trono reluzente,
Apoiado do feroz tridente.
Em eras passadas governou Njord
Os abismos do medo humano,
Onde o Polvo se agita, insano;
Mas agora, o palácio está deserto e frio,
Um pesadelo de noite de desvario,
Pois em Ragnarók o deus friamente morreu
E toda a vida das suas profundezas pereceu,
Não tendo já rei nem tino
Por crueldade do destino.
Os mares agora estão tristes e vazios
E choram as ondinas nas aquáticas florestas.
Só não formam suas lágrimas cem rios
Porque já na água caiem, desoladas e lestas.
Já negro é o fundo do mar dolente
E amargo dos peixes o coro;
Já baço o trono e rombo o tridente
Já no mar só pranto e choro

Pois foi-se Njord resplandecente.

Tomás Vicente (ex-aluno)

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