15/12/11

Sobre Poesia

A Génese da Poesia
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Acho que a poesia é uma arte superior a qualquer outra…pelo menos, a boa poesia.
Não considero que os meus poemas sejam bons; longe de mim ser convencido a esse
ponto. Posso dizer, sem vergonha, que gosto muito, por motivos mais ou menos pessoais,
de alguns dos meus poemas – não todos -, mas nunca poderei, legitimamente, dizer “olhem
este meu poema, não é extraordinário?”. Talvez daqui a setenta anos o possa fazer (se me
for dado viver esse tempo), quando tiver uma estrada já percorrida. Até lá, seria apenas um
exibicionismo que tiraria a qualquer das minhas simples composições qualquer valor que
pudessem vir a ter no futuro.

Para mim, escrever poemas tem sentido tendo em vista a partilha de experiências,
de emoções, de estados da alma, de sensações e impressões. O único objectivo que desejei
atingir através das míseras composições que se seguem foi o de dar largas à imaginação e,
se me é permitido almejar tanto, tentar que outros se revejam neles. Assim, ao empregar
um número razoável de poemas nos projectos ligados às minhas escolas, quis apenas
expressar-me e, acima de tudo, contribuir. Para quê? Bem, para um projecto comum, o
projecto da vida através da escrita. Nem sempre o que escrevemos é alegre, nem sempre
agrada aos outros, mas o que escrevemos é o que somos, é o que vivemos, quer seja nesta
vida ou em sonhos. Daí que dar a conhecer algo que escrevemos é dispormo-nos a deixar
que os outros nos leiam a alma.

Engana-se quem pensa que a escrita não serve para mais que manuais de instruções,
cartazes de propaganda, etc. A escrita é a manifestação mais durável da linguagem, quando
posta em palavras; a escrita é, deve ser, a manifestação impoluta da língua que só o coração
fala. Assim, é importante darmos liberdade a esse bichinho álacre e sedento/que fossa através de
tudo/num perpétuo movimento, como diz António Gedeão [Cf. "Pedra Filosofal", in Movimento Perpétuo].

Os meus poemas, pobres como são, não são mais que eu próprio: uma figura
insignificante que precisa de agradecer condignamente a muitas pessoas que passaram (e
ficaram, em muitos casos – graças a Deus!) pela sua vida e a fizeram melhor, pessoas de uma grande
envergadura de espírito, com que me orgulho de ter convivido. Foram professores, colegas,
auxiliares…ou até pessoas com quem apenas troquei, ocasionalmente, dois dedos de
conversa…A todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, pude chamar amigos, aqui
fica o meu MUITO OBRIGADO. Este livro (não só os poemas), que poucos lerão, é-vos
totalmente devido, tal como tudo o que algum dia escreverei, pois sem vós eu seria uma
pessoa muito pior, mais cinzenta e, se o não sou já, mais apagada.

ii
Como é que se começa a escrever poesia? Não sei se haverá uma resposta para essa
pergunta – ou, pelo menos, uma boa resposta. Todos os começos são diferentes e devo
confessar que o meu começo foi o menos poético possível – o talvez não.
Sei que comecei a escrever poemas no 7º ano, e esse começo deveu-se totalmente
às aulas de Português. Certo dia, ao estudarmos a poesia, a professora levou para a aula um
livro de sonetos do nosso Poeta e falou-nos dessa forma fixa de poesia. Gostei, e tentei
fazer também. O resultado é o nº 1 do Capítulo Primeiro - devo dizer que este poema só
está de acordo com o velho lema primus inter pares no que diz respeito à ordem cronológica.

Bem, com o tempo vieram outros estímulos e continuei, pacatamente, a tentar
alinhavar uns versos e a compor poemas. O ano seguinte, 2009, foi aquele em que escrevi
menos – falha compensada pelo facto de ter um carinho especial pelas pequenas bagatelas
que fiz ao longo do mesmo. Só há cerca de ano e meio é que comecei a produzir mais
poemas – a uma velocidade que me começou a surpreender e sem que isso diga o que quer
que seja acerca da qualidade do produto.

Sinceramente, cada vez gosto mais de poesia – não da minha, obviamente. Acho
que é um universo de possibilidades, de recantos escondidos e recursos inexplorados, à
espera de serem descobertos. O que se segue é a minha tentativa entrar nesse mundo
particular e exclusivo, em que a senha muda a cada hora - a ponto de, às vezes, pensarmos
que nunca mais conseguiremos encontrar o caminho. Para os que estão familiarizados com
o universo de Harry Potter, eu diria que o mundo da Poesia é uma espécie de Sala das
Necessidades: quando menos esperamos é que a porta se abre – e abre-se sempre no
momento certo.

Dizer mais que isto…só em verso!

Tomás Vicente (ex-aluno)

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