31/12/12

Um Ciclo Anual - em poesia


Ida e Volta

A estrada avança penosamente
E o caminhante vai andando,
A buscar o destino que já se faz tardar.
Mas, como este lhe não agrada,
Não tarda a voltar.

A vida avança cem passos
E, para nos enganar, recua dois ou três,
Mas nesses avanços e recuos
Vai deixando escrito
A fortuna de quem nas suas malhas
Foi, em má hora, capturado…
Por isso vai andando,
À frente de quem a segue,
Dançando,
Mas não tarda a voltar.

O viajante cobre a distância
Que o separa da meta prometida;
Leva como bagagem a esperança,
Ainda que ténue, na constância
Dos ventos com que o Alto
Lhe tem tolhido o cruel caminho, 
Não lhe poupando lavores,
Sem nunca conceder favores.
Por isso anda a estrada e o seu perseguidor,
Mas não tardam a voltar.

E, à medida que a estrada avança,
Caminha também o céu,
Ao qual Deus as estrelas deu.
Mas a celeste abóbada cobre, a cada noite,
Uma sofrida terra diferente,
Um mundo que já não é contente;
Avança também o tempo,
De longas barbas brancas.
T.F.

Mas esse tempo é um matreiro e persistente
Viajante experimentado:
Lá vai, com a estrada lesta,
Mas já não vai voltar.

Sem comentários:

Enviar um comentário