28/02/11

Abrigo da poesia


O poema que abaixo apresentamos foi escrito pelo professor Joaquim Marques, que tem sido um grande mecenas deste blogue de escrita criativa. Achámos de toda a justiça que este poema fosse incluído aqui, uma vez que foi escrito na manhã do dia 23 de Fevereiro de 2011, algumas horas antes da última visita que o professor fez à escola EB 2+3 de Telheiras nº1, pensando nessa palestra que ia ser dada mais tarde nesse dia e que tanto nos alegrou. No fim da sessão, em jeito de despedida - temporária! -, o professor levantou-se e, para um auditório entusiasmado e ansioso por mais da sua poesia, declamou:

(A estrada
lembra-me que há o regresso.
As horas apontam-me a morada)

Por aqui vou deixar estas palavras
que por aqui encontrei
palavras que ainda não estavam descobertas

Antes do aceno e da viagem
Peço:
Que me guardem a palavra casa.
Que todos os dias me cuidem
da sua altivez de cal

Que tratem da palavra malmequer.
Tragam-lhe abundantes
a água e o amarelo
da sua alegria incontida

Que me acarinhem a palavra coração.
Digam-na sempre
em sussurro
com sílabas de carinho.
Façam dela uma casa
com malmequeres
à entrada.

E nela abriguem
todas as outras palavras
que generosos
os poetas vos tragam
Joaquim Marques

Esperamos agora, depois deste festim de poesia contido em tal poema, que a estrada siga lesta e que as horas não se atrasem, pois mal podemos esperar por uma nova oportunidade de conversar com o professor-poeta, que ficará para sempre ligado à nossa escola e biblioteca pelas "(...) palavras/ que aqui encontrei/ palavras que ainda não estavam descobertas"!


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