I
Gratidão
Aqui estou
eu,
De caneta
na em riste,
A tentar com
o papel
E a chama
da imaginação
Desatar da
gratidão o nó no cordel
Que, por
teimosia da mão
Não se
decide nem desata
Para esta
suave e branca imensidão
Tingir de
hábil tinta mulata.
Mas eis
que, de algum lado, chega
Aquele
sopro no qual o poeta se apoia
E
posso, enfim, o meu nó usar
Para dizer
o que me vai no coração.
Assim –
inspiração de um momento! –
Deixo aqui
poema e sentimento
Para
expressar a minha gratidão!
Rodrigo Gonçalves (ex-aluno)
II
Lamento!
Lamento
tudo e nada.
Lamento o
tudo por ser tudo
E o nada
por nada ser.
Lamento o
meio por não existir,
Lamento a
falta que me faz
Um pouco de
tudo e de nada,
Mistura
ideal que me está vedada.
Lamento o
tempo por passar
Por mim
correndo aos saltinhos,
Por se não
deixar agarrar
E por isso
em bocadinhos
As minhas
esperanças desfazer,
O tempo
tudo é!
Lamento o
tudo e o nada
E a
passagem do tempo
E o dia que
se foi
E o dia que
se está a ir
E o dia que
se irá!
Lamento o
tempo,
Que tudo é,
E a sua
passagem
Porque me
traz o nada.
III
Tempo, o Carcereiro
Coisa
estranha, não será,
Que o
tempo, o dolente tempo,
Faça, à
passagem, prisioneiras?
Mas –
assombro! – leva consigo
Todas as
coisas verdadeiras,
O mundo
onde vivo;
E, diante
de mim,
Apaga o
caminho que ainda sigo.
Ó tempo,
impiedoso és,
Por não te
contentares
Em levar,
para teu prazer,
As coisas
derradeiras,
Rios,
lagos, cabeços e pomares,
Quando
delas fica o mundo vazio;
Levas-nos
ainda o ano velho e sábio,
Deixando
para trás o novo em desafio.
E, porque
isto não te chega,
Voltas e
levas o formoso Estio,
Atrás do
qual fica o Inverno frio;
Mas cruel é
a vida e tu guloso:
Despidos de
todos os adornos,
Parcos na
posse de outras belezas
Nos
encontras, mas ainda mais riquezas
Nos tiras,
pois cativas
Levas as
nossas memórias vivas.
Gabriel Silva (ex-aluno)
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