Passaremos agora a publicar alguns dos poemas que apareceram no blogue criado por um ex-aluno desta escola. O "Palavras à Solta na Net" esteve em funcionamento entre Setembro de 2011 e Fevereiro passado, tendo, no entanto, estado estagnado desde Outubro de 2012.
A Canção de Morrigan
Cruel
batalha se trava,
Num
qualquer dia esquecido,
Entre os
contrafortes duma distante montanha.
Eis, então,
que um homem golpeado
Sem
esperança de salvação
Ouve uma
bela canção -
- Se canção
chamar se pode
A lamento
que de belo e medonho,
Traz terror
e a desesperança distribui.
Era bela como
a água
De um rio
ondulante
Que na foz
o mar encontra,
Depois de
cantando descer das montanhas;
Era lenta
como dum herói a marcha fúnebre.
Suave como
canção de embalar
Tão chorosa
e desesperante
Que ouvidos
não há no mundo
Que tal som
possam escutar.
Era
belamente horrível,
Era a
canção da Deusa-Corvo temível,
Era a
canção de Morrigan,
Que isto
reza:
» Vem, meu
guerreiro, vem,
Vem até
mim, que estou tão próxima;
Vem, que
quebrada está a maldição da vida,
Vem, que no
mundo dos vivos nada te retém,
Vem e traz
outros também.
Desiste de
lutar, que sou das guerras o único senhor
E contra
mim não podes vencer,
Nunca me
conseguirás combater.
Vem a mim,
e pela tua vida não dês penhor.
Até mim,
sem mando meu, não podes vir
E também de
mim não podes fugir;
Vem guerreiro
amaldiçoado,
Que a tua
maldição quebrarei
Assim como
a tua vida verguei;
Vem,
deixa-me nos braços te levar.
Eu sou da
Chacina o instrumento,
Da Morte
sou o cérebro,
Vem,
deixa-me lavar o teu corpo,
Pois sou eu
do Vau a Lavadeira.
Como tu já
lavei muitos outros,
Nas frias
águas de gélido rio,
Sou o Corvo
da Batalha,
Que tece os
caminhos da sua presa
E decide a
sua sorte.
Vem, meu
guerreiro,
Que já
decidi a tua morte. «
Pois que
estas e outras coisas
Continuava
ouvindo o homem moribundo,
Remeteu os
olhos ao céu e lá,
Na alva
brancura das alturas,
Viu de
enorme porte um corvo altivo.
Soube,
enfim, que era chegada a sua hora,
Rendeu-se e
nos braços da Morte foi levado,
Pois a
Mulher-Corvo das Batalhas
A sua vida
tinha feito em migalhas.
E quando o
solo tocou, sem vida,
Continuava
a sua alma perdida
No outro
mundo, ouvindo o horrível lamento
Com que
Morrigan chama
Os
guerreiros para a eterna cama...
Tomás Vicente (ex-aluno)
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