A
Génese da Poesia
i
Acho
que a poesia é uma arte superior a qualquer outra…pelo menos, a boa poesia.
Não
considero que os meus poemas sejam bons; longe de mim ser convencido a esse
ponto.
Posso dizer, sem vergonha, que gosto muito, por motivos mais ou menos pessoais,
de
alguns dos meus poemas – não todos -, mas nunca poderei, legitimamente, dizer
“olhem
este
meu poema, não é extraordinário?”. Talvez daqui a setenta anos o possa fazer
(se me
for
dado viver esse tempo), quando tiver uma estrada já percorrida. Até lá, seria
apenas um
exibicionismo
que tiraria a qualquer das minhas simples composições qualquer valor que
pudessem
vir a ter no futuro.
Para
mim, escrever poemas tem sentido tendo em vista a partilha de experiências,
de
emoções, de estados da alma, de sensações e impressões. O único objectivo que
desejei
atingir
através das míseras composições que se seguem foi o de dar largas à imaginação
e,
se
me é permitido almejar tanto, tentar que outros se revejam neles. Assim, ao
empregar
um
número razoável de poemas nos projectos ligados às minhas escolas, quis apenas
expressar-me
e, acima de tudo, contribuir. Para quê? Bem, para um projecto comum, o
projecto
da vida através da escrita. Nem sempre o que escrevemos é alegre, nem sempre
agrada
aos outros, mas o que escrevemos é o que somos, é o que vivemos, quer seja
nesta
vida
ou em sonhos. Daí que dar a conhecer algo que escrevemos é dispormo-nos a deixar
que
os outros nos leiam a alma.
Engana-se
quem pensa que a escrita não serve para mais que manuais de instruções,
cartazes
de propaganda, etc. A escrita é a manifestação mais durável da linguagem,
quando
posta
em palavras; a escrita é, deve ser, a manifestação impoluta da língua que só o
coração
fala.
Assim, é importante darmos liberdade a esse bichinho álacre e sedento/que fossa através de
tudo/num perpétuo movimento,
como diz António Gedeão [Cf. "Pedra Filosofal", in Movimento Perpétuo].
Os
meus poemas, pobres como são, não são mais que eu próprio: uma figura
insignificante
que precisa de agradecer condignamente a muitas pessoas que passaram (e
ficaram,
em muitos casos – graças a Deus!) pela sua vida e a fizeram melhor, pessoas de uma grande
envergadura
de espírito, com que me orgulho de ter convivido. Foram professores, colegas,
auxiliares…ou
até pessoas com quem apenas troquei, ocasionalmente, dois dedos de
conversa…A
todos aqueles que, de uma maneira ou de outra, pude chamar amigos, aqui
fica
o meu MUITO OBRIGADO. Este livro (não só os poemas), que poucos lerão, é-vos
totalmente
devido, tal como tudo o que algum dia escreverei, pois sem vós eu seria uma
pessoa
muito pior, mais cinzenta e, se o não sou já, mais apagada.
ii
Como
é que se começa a escrever poesia? Não sei se haverá uma resposta para essa
pergunta
– ou, pelo menos, uma boa resposta. Todos os começos são diferentes e devo
confessar
que o meu começo foi o menos poético possível – o talvez não.
Sei
que comecei a escrever poemas no 7º ano, e esse começo deveu-se totalmente
às
aulas de Português. Certo dia, ao estudarmos a poesia, a professora levou para
a aula um
livro
de sonetos do nosso Poeta e
falou-nos dessa forma fixa de poesia. Gostei, e tentei
fazer
também. O resultado é o nº 1 do Capítulo Primeiro - devo dizer que este poema
só
está
de acordo com o velho lema primus
inter pares no que diz respeito à ordem
cronológica.
Bem,
com o tempo vieram outros estímulos e continuei, pacatamente, a tentar
alinhavar
uns versos e a compor poemas. O ano seguinte, 2009, foi aquele em que escrevi
menos
– falha compensada pelo facto de ter um carinho especial pelas pequenas
bagatelas
que
fiz ao longo do mesmo. Só há cerca de ano e meio é que comecei a produzir mais
poemas
– a uma velocidade que me começou a surpreender e sem que isso diga o que quer
que
seja acerca da qualidade do produto.
Sinceramente,
cada vez gosto mais de poesia – não da minha, obviamente. Acho
que
é um universo de possibilidades, de recantos escondidos e recursos
inexplorados, à
espera
de serem descobertos. O que se segue é a minha tentativa entrar nesse mundo
particular
e exclusivo, em que a senha muda a cada hora - a ponto de, às vezes, pensarmos
que
nunca mais conseguiremos encontrar o caminho. Para os que estão familiarizados
com
o
universo de Harry Potter, eu diria que o mundo da Poesia é uma espécie de Sala
das
Necessidades:
quando menos esperamos é que a porta se abre – e abre-se sempre no
momento
certo.
Dizer
mais que isto…só em verso!
Tomás Vicente (ex-aluno)
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