31/10/11

Noite da Química


O Instituto Superior Técnico (Universidade Técnica de Lisboa), as Faculdades de Ciências e de Farmácia (Universidade de Lisboa) e a Faculdade de Ciências e Tecnologia (Universidade Nova de Lisboa), com o apoio da SPQ, apresentam "A Noite da Química".

Experiências, actividades, documentários e uma peça de teatro sobre Marie Curie (pela Companhia Teatro Extremo) compõem esta noite especial, integrada nas comemorações do Ano Internacional da Química.

As “Bruxarias” terão lugar no Instituto Superior Técnico entre as 18:30 e as 23:00.

27/10/11

Mês Internacional da Biblioteca Escolar

Nesta semana, os utilizadores da nossa biblioteca e da ludoteca, tiveram a oportunidade de aprender a fazer origamis em forma de pássaros de asas "articuladas", os quais foram usados para fazer grinaldas e penduradas nas janelas. E adivinhem lá o que tinham estes passarinhos de especial...foram feitos a partir do papel inutilizado da reprografia! 

Ao longo do mês de Outubro e este dia, em especial, são dedicados às Bibliotecas Escolares de todo o mundo! Também nós, quisemos assinalar este mês com a realização destes encantadores passarocos, revestidos de sonhos.
"Todos os dias são dias de biblioteca escolar!"



LEIAM este riquíssimo testemunho de quem vive colado à BE!!! 

21/10/11

Pequeno Grande ©


Projeto Pequeno Grande © é um concurso desenvolvido pela AGECOP (Associação para a Gestão da Cópia Privada) e a Fundação Calouste Gulbenkian, dirigido às escolas do 1º e do 2º ciclos, onde se leva a concurso um livro de autor

Este pequeno grande projeto que tem como objetivos a educação e a sensibilização do público mais jovem para a criatividade e para o trabalho em equipa, estimulando a sua fantasia através de várias práticas artísticas.
                                      
                                          “Escreve com as tuas palavras,
                                                 Ilustra com os teus desenhos,
                                                            Faz da tua obra um livro!”

19/10/11

Um Grande Acervo...de Escrita

Mais uma vez, vimos desfiar os nossos leitores a entrar no mundo maravilhoso que é a escrita e a leitura. O blogue já está a funcionar, organizado por um ex-aluno da nossa escola. 

Convidamos toda a gente a participar na festa da escrita e no festim da leitura, lembrando sempre as palavras do professor Joaquim Marques, numa visita que nos fez em 2008: para escrever um bom livro tem que se ler cem vezes mais. Só escreveremos bem se pudermos contar com a experiência de quem já o fez antes de nós! Longa vida à escrita, a esta arte sublime que cria mundos inteiros só com a junção de palavras!

16/10/11

Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza - 17 de Outubro

Dá uma espreitadela a este mapa, é incrível a quantidade de pessoas que ainda passa fome - imagine-se! - em pleno século XXI! Temos muito que fazer pelos nossos semelhantes do mundo inteiro, como se percebe facilmente pelos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio...ora vejam...


Os alunos do 9º B criaram, na disciplina de APL, um painel que ilustra, de forma criativa, a primeira medida estabelecida pela Declaração dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (uma das abordagens aos conteúdos programáticos do 9º ano de escolaridade)...




Nota: Quem quiser saber mais sobre este assunto pode consultar o site da FAO

Como Festejámos o Dia Mundial da Alimentação...

A 16 de Outubro comemora-se o Dia da Alimentação e, porque saber comer é saber viver, aqui deixamos algumas imagens  de como foi passado este dia na nossa escola!


Há um filme de animação (muito conhecido, agora, chamado Pular a Cerca ou, no original, Over the Hedge) que põe, na boca de uma das personagens, as seguintes palavras "nós [os animais] comemos para viver, os humanos vivem para comer" por muito engraçado que isto possa parecer no contexto de um filme de desenhos animados em que a procura de comida desempenha um papel relevante no desenvolvimento da acção, perde a graça se for aplicado ao nosso dia-a-dia onde, em vez de uma piada para fazer rir, se afigura como uma realidade.

A alimentação deve ser uma ferramenta de bem-estar e não o centro da nossa vida. Para saber mais sobre esta temática, consulta os sites indicados...
http://www.min-saude.pt
http://www.alimentacaosaudavel.org
http://www.apetece-me.pt
http://www.deco.proteste.pt/alimentacao/
http://www.roche.pt/emagrecer/calculadoras/calcimc.cfm

E também alguns jogos para te divertires! Ora espreita...

http://ludotech.eu/jogos/forca/healt-foo.htm
http://projectosaude.nevogilde.2bsmart.org/?p=237
http://www.roche.pt/emagrecer/jogo/

15/10/11

Sequência poética 7

A Língua Universal
Falo muitas línguas,
Sou poliglota.
Conheço tantos idiomas
Quantos os sacos de bolota
Que se podem encher
Antes dum carvalho perecer.
Falo agora duma em especial
(Que é a tal língua universal)
Que limitações não conhece
E de que nenhum ser humano se esquece,
Pois aquele em quem este saber fenece
Logo para o seu semelhante perece
Pois inumano ser se torna,
Pois que também o coração lhe desaparece
E o ser desditoso destino tem
Que já lentamente o ferve em água morna,
Pois que já antes de ser sentido
Era como martelo batendo na bigorna:
De piedade já despido.
Mas estava eu de outro tema falando,
Que a bom porto me vai levando…
Eu conheço essa língua persistente
Que ressoa como da porta o batente.
Dentro de humano peito dá a todos alegria
E lá dentro brilha eternamente.
É a língua que bane a escuridão,
Que não escolhe lugares nem raças
(E fronteiras não lhe faças!),
Mais rica e poderosa que velho sultão;
É a língua bela e impoluta,
Poderosa em imaginação,
Que a todos os sãos anima,
Que tudo rege como uma batuta

E se chama língua do coração!


Decantação
Perdido num mundo confuso estou agora,
Sem conseguir encontrar pela estrada fora
O caminho que devo percorrer,
Antes de a minha vida esquecer.
Envolto estou na irrealidade,
Sem da realidade conseguir separar
Esse estranho e belo cantar
Que é a miragem sonhadora,
Que de reais problemas é saradora,
Escape para um mundo melhor
Onde o nosso sublime isolamento
Nunca pode ser roto ou interrompido
Por qualquer sopro indefinido
Que de reais problemas vem carregado.
Dizem-me pois que devo romper
Esta teia tão bela, tão mágica,
De contrário prevêem-me uma vida trágica.
Mas não o fiz nem o farei,
Pois há no mundo pouca gente
Que se deixa viver contente
Sem construir tal barragem
E lembrar deste belo mundo a passagem.
E se este cálice está contaminado,
De bom grado o beberei
E a minha vida viverei
Nesse mundo que dizem envenenado.
Pois que é a dura realidade
Sem da magia e sonho a beldade?
Nada mais é que vácuo vazio,
Um ave que perdeu o pio.
É esta nossa existência
Como uma parelha de bois
Puxada por dois jumentos
Que em todos os momentos
Se acompanham e equilibram.
Mas quando o da divagação
Vai mais além que o da aceitação,
Nada de errado acontece.
Já se o contrário é visível
É então urgente o caso
Pois depressa a esperança fenece.
Se este belo sonho me traz tantos problemas
Como os que vai solucionando
Isso não me importa nem perturba
Pois que se a vida tenho de enfrentar
Que seja, pelo menos, sonhando!


O Prisioneiro
Um dia vi um pássaro engaiolado
A quem as asas tinham cortado
E tristemente aprisionado.
Eram um pobre pássaro triste
Que os outros melancolicamente
Olhava, enquanto estes cruelmente
À sua frente dançavam
E ali os seus trinados lançavam
Ao frio vento de cortante espada em riste.
Dele me, comovido, me acerquei
Mas com pesar verifiquei
Que embora ajuda pudesse dar
Só dele dependia voltar a voar,
Que cada um tem em si mesmo
O mais cruel inimigo.
Tinha o pobre pássaro
De os seus grilhões bater,
De os limites impostos vencer,
Pois pior não há nada
Que derrotado ser
Sem que a derrota combater.
Eis que um dia os grilhões
Foram alegremente quebrados
E para o pássaro deixou de haver prisões.
E então o derrotado
Mais vencedor não se poderia sentir
Pois horas ficou a repetir
Tais odes e louvores
Bem representadores dos seus valores.
E assim o pássaro voou
E não nenhum carcereiro o apanhou,
Pois voava no céu azul e infinito
Que sempre louvou como bonito!


Tomás Vicente (ex-aluno)

Sequência poética 6

Memória
Para quem escrevo eu,
Poeta sem arte nem certo rumo,
Com que fim ao papel dou
Aquelas coisas em número avantajadas,
Que dos outros a terra comeu?
Para que dou eu ao meu amigo
Que liso é e claro e sisudo –
De confidências mais digno
Que pedra tumular
Da cova que minha há-de ser –
Aquelas coisas que só eu
No coração ainda preservo
E que são as recordações
Do meu que é meu?
Faço-o para relembrar,
Para na história gravar -
Senão na do Mundo
Naquela que é a minha –
As vivências e sentimentos
Dessa alma que eu tinha.
Pretendo honrar as gentes
Que no meu caminho se cruzaram
E pelo meu caminharam,
E também aqueles que eu recordo
Como uma figura indefinida
Na vida já vivida.
E também quem eu lembro
Como pilares duma igreja
Que a minha existência sustentaram.

E nenhum será esquecido!


Filosofia
Um viandante perdido caminha
Pela floresta, muito asinha.
Estava escuro como breu
E das estrelas não se via a luzinha.
Só a clara e cristalina lua se via
E tão desmaiado e triste brilho dava
Que parecia que dela a vida se esvaía
E nada no nocturno céu cantava.
Chegou então o homem extenuado
A um recôndito bosque abrigado,
Onde viu o seu corpo aliviado
Do cansaço que consigo havia transportado.
Da noite altas horas eram já
E o homem derreado
O seu dia deu por acabado.
À luz da escuridão
E da lua branda, que morria,
Em pouco tempo o sono o levou
E ao abrigo das árvores adormecia.
Passada foi a noite,
Tempo em que dormira o homem,
Que, chegando a aurora e os raios
Soalheiros para a terra dourarem,
Tornando-a mais bela
Que a plumagem dos gaios,
Suavemente acordaram o viajante,
Por mil mornas carícias desperto.
Levantou-se então o ledo humano,
Sentindo no rosto a saudação do suave pano
Que é a brisa da azul madrugada,
Pelos belos fios de luz festejada.
O homem viu então que o bosque
Onde do cansaço se escondera,
No cimo de grande morro nascera.
Viu lá em baixo o rio azulado
E defronte, na outra margem,
O sopé das montanhas de cume prateado
Aos pés das quais ficava verde pastagem.
Tal era a beleza daquela paisagem
Que o homem se comoveu e chorou,
E enquanto chorava pensou
E à Natureza louvou.
Pensou na beleza que há no mundo;
Na pureza, imensa como saco sem fundo;
Na bondade que o coração torna fecundo.
Chorou ainda mais…
É este sublime acto
A mais pura filosofia,
Ser capaz de chorar
Por essa beleza de encantar
Que passa o tempo a divagar
Neste mundo benevolente e salutar.
T.F.

13/10/11

Recordações...

Porque recordar é viver, aproveitamos a oportunidade para viver de facto, recordando a a nossa festa de final de ano, cuja organização só foi possível graças à inestimável ajuda dos professores e alunos voluntários. Foi um grande acontecimento, um evento com «e» grande. E, como the best things in life are not things, olhando para trás, aquilo que mais enriqueceu esta experiência fantástica foi o espírito de cooperação, de apoio incondicional e fé em ideais e projectos, que mais nos animou e nos deu a força e a inspiração necessárias para o que nos propusemos realizar. 

A Festa Final, em si, correu na perfeição e ousamos dizer que, talvez, poucas tenham sido as noites tão divertidas e completas como esta. Esperamos que os nossos leitores possam subscrever esta opinião...

Ainda assim, algo que não vamos esquecer são as longas horas de trabalho extra dispendidas em preparativos, que ocuparam grande parte do último período do passado ano lectivo, o trabalho de bastidores. Foram horas de criatividade e deleite para o espírito, de muito trabalho e de convívio. Nasce sempre algo muito especial do seio de várias pessoas profundamente empenhadas num mesmo objectivo, num projecto de horizontes mais largos. Foram momentos muito especiais, de profunda entrega ao grande e belo ideal que é a escola...um conceito abstracto que ajudámos a tornar realidade, fazendo-o tomar a forma da nossa dedicação às pessoas com que partilhamos este espaço.

E, apesar de esses dias já terem passado e de o tempo ser daqueles visitantes que só nos visita uma vez em cada etapa da viagem, a recordação vive para sempre e preservá-la-emos viva e de boa saúde num sítio de onde não pode ser apagada (nós mesmos), sempre pronta a dar novos e belos frutos.



10/10/11

Palavras sobre o papel da nossa biblioteca


“Sempre imaginei que o Paraíso seria algum tipo de Biblioteca”

Jorge Luís Borges (1899-1986)

               
Uma biblioteca é, de facto, um lugar inspirador e, quando bem fornecida e dinamizada, um excelente companheiro de estudo e um importante pilar de suporte da aprendizagem. É nesse sentido e visando esse objectivo, o de ser uma mais-valia e um lugar preparado para procurar soluções a todos os níveis, tanto para alunos como professores, que a Biblioteca da Escola EB 2+3 de Telheiras nº1 trabalha, perseguindo sempre o mesmo ideal de apoio ao utilizador.
                
A equipa da nossa Biblioteca, fazendo uso das muitas possibilidades que lhe são conferidas pelo espaço agradável e acolhedor, tem patrocinado inúmeras exposições interdisciplinares e actividades culturais, das quais se destacam as numerosas sessões de poesia, tendo sempre o cuidado de dar a cada um destes “eventos” um aspecto lúdico, ainda que sério e orientado, característica necessária para cativar os alunos de modo a envolvê-los mais nas experiências valiosas que podem ter a nível da escola, tanto dentro como fora da sala de aula.
                
Não esqueçamos, no entanto, que o tempo de escola é um período de descoberta, do mundo, dos outros e, sobretudo, de nós próprios. Neste âmbito, auxiliada pelos professores e pelos próprios alunos, cujo firme apoio e confiança não se pode menosprezar em tempo algum, numerosos concursos, sejam eles de escrita criativa, desenho temático ou outros que se insiram na riqueza de valores que a escola se propõe transmitir e dos quais a Biblioteca é o representante máximo.

Tomás Vicente 

07/10/11

Número de Leitor!

Se és do 5º ano, vem à BE
Inscrever-te como leitor
Para os livros poderes requisitar
E com as suas belas histórias voar
Ao sabor de um sonho cheio de cor!


Na nossa BE, aguardamos por todos vocês, alunos do 5º ano, para que se registem e fiquem com um número de leitor! Assim, podem requisitar todos os livros que quiserem, para alimentar a vossa imaginação! O número de leitor de cada aluno mantém-se até ao 9º ano.

Ficamos à tua espera! Quanto mais depressa vierem, mais depressa podem abrir esta porta para o mundo mágico e generoso dos livros!

Espera só até veres as maravilhas que vais descobrir na nossa biblioteca!


05/10/11

Sequência poética 5

Batalhas do Espírito
Duelos e mentes e espíritos,
De intelectos rutilantes
Como rubras espadas sibilantes,
Tinge agora os campos do mundo
E a palavra pode ferir duramente
Como bala que, celeremente,
Se enterra nas entranhas
De quem deambula por estas estranhas
Terras de saudade e crueldade
Onde tudo mudou, rapidamente,
E onde o Bem é apenas recordação
E vã saudade.
E em nós, pobres homens,
A batalha trava-se na alma
(Cérebro ou cerebelo, ou seja onde for),
É lá que se desferem os golpes,
Que se dão murros e recebem
Pontapés, é aí que rolamos
Na poeira da confusão,
Engalfinhados com o medo.
Sangrentas são as batalhas humanas,
E sem que vertam uma única gota
(Isto...é quando é) do vermelho
Líquido interno, que banha o coração.
As armas são argumentos,
Os murros choques e receios,

O inimigo o hábito ou o silencioso medo.


Uma Luta…
Sentas-te defronte,
Recortado contra a luminosidade da janela,
O sol escorre-nos a ambos luz pela fronte
E passeia os raios pelos objectos
Que pela divisão se quedam, quietos.
E começa...
Em perfeita imobilidade
Do físico, tão enganador dos sentidos
(Não te esqueci, velho Platão!),
Tem início a luta épica,
Uma contenda sem idade,
Serena nas palavras e nos golpes.
Pauta-se pelas normas de cavalaria,
De honra, dever e magnanimidade,
Pois o espírito não conhece tempo
E o fair play medieval
Continua muito actual.
Começa assim a lide eterna,
Que parece não ter solução
E nos leva a uma sempiterna
Disputa de mentes e ideais.
Palavra que não sei
Como surgir pode de tamanha amizade
Tão grande e acesa discórdia,
Mas o certo é que a noite segue o dia
E a esta, mais outro alvorecer.
E quer-me parecer
Que a luta travada sã é e natural
E, ou me engana o olho adivinho,
Ou percorreremos este caminho
De novo, sempre diferente, sempre igual;
E então, caindo o crepúsculo,
Serão desferidos mais murros e joelhadas,
O suor da refrega correrá ligeiro
Pelas nossas faces
E a luta acesa no chão de grés
Da alma humana acabará
Não mais, tornando a concórdia
A nascer da pausa para o intervalo
Até ao próximo round.
Mas eis que - maravilha! -,
Soa o apito e os golpes param,
O desacordo é esquecido
E qualquer palavra dura proferida
É rapidamente varrida
E o vencedor ergue do chão o vencido;
Assim que, pasmo meu, a amizade
É renovada na luta do dia-a-dia
Que se trava na arena do espírito.
Até à próxima, amigo, vejo-te no ringue!


Adolescente que Chora
Triste estou hoje
E vivo a chorar.
Vem alguém e diz-me:
Esquece e não chores,
Que chorar nada pode mudar.
Alegra-te pois
Que a tristeza de nada serve!
Ai! Rude voz era esta!
Não respondi, pois o queria era gritar!
Queria protestar,
Mas minha garganta estava muda
E dela nada saiu senão lágrimas e soluços
Queria dizer: «Vai-te embora!»
Ma o choro me dominou sem demora.
Vem então meiga voz,
De alguém amigo,
Diz-me palavras ternas
Essas me acalmam,
Mas só o bastante
Para dizer que estou bem
E pedir sossego.
Deixem-me chorar,
E curar a sim a minha mágoa
Tingida da negra cor
Do mundo exterior.
Nesse momento
Para mim sobeja é a alheia alegria,
Pois na tristeza espero consolo encontrar.
Deixem-me estar triste,
Não quero esquecer,
Quero antes sofrer
Deixem-me com a minha tristeza
Para nela alegria encontrar!


Alegremente Triste
Triste num canto
Estou, mergulhado num pranto,
Sem a nada ligar
Nem com o tempo me importar.
Vem alguém para me consolar,
Com palavras meigas tentar serenar
A minha alma inquieta e triste,
Mas eu sinto-me raposa acossada
E fugir é a minha vontade.
Ai! Os mimos que me fazem ajudam
Mas as palavras sussurradas afligem
Essa alma angustiada
A quem só apetece mais chorar!
Vem alguém,
Alguém para me acalmar
E só me apetece correr,
Alguém vem para me fazer esquecer
Mas eu só quero é lembrar!
T.F.

02/10/11

Contos de Fados - crónica do mês


Num gesto de grande amabilidade, que foi para nós um grande incentivo, o professor Joaquim Marques dispôs-se a enviar-nos, mensalmente, uma crónica sua «de temática cultural». Assim, chegado Outubro e findo o primeiro mês de aulas (que passou tão célere como um foguetão!), apresentamos o primeiro texto daquilo que, esperamos, será uma longa série! 
Esta crónica, muito divertida e com uma estrutura moderna e informal que, por isso mesmo, é ainda mais pertinente e aliciante, fala-nos acerca do fado e do seu lugar na cultura de hoje, entre outras coisas...


Contos de Fados de Aldina Duarte e outras coisas a propósito!


Assistimos a um grande desenvolvimento do interesse pelo fado, interesse que justificadamente culminou com a candidatura do fado a Património Cultural Imaterial da Humanidade.

Refiro que estou de alguma forma ligado a este misterioso género musical, poético e até filosófico, por a minha recente actividade literária estar orientada para a escrita de poesia de fado, para alguns fadistas.

No meio desta descoberta recente e entusiasmada do fado a que se assiste (só para ilustrar temos já boas estações de rádio especializadas, a Rádio Amália e a Antena 1 Fado, p. ex.) há duas pequenas coisas que me irritam. A primeira é a moda. Gente que não entende, nem sente o fado, que se for preciso até é capaz de  estar a contar as últimas férias supé e assim no resort, enquanto ele a sério se canta, aparece muito, aparece demais.

E o oposto, embora preferível, também. Gente que nem o nome, quanto mais o canto de uma Teresa de Noronha ou de um Carlos Ramos conhece e que só distingue Katia Guerreiro de Ana Moura pelas fotografias, opina e decide abominar o fado desfiando um conjunto de preconceitos e clichés, insuportáveis, com as inevitáveis referências a Fátima e à ceguinha.

Quando oiço esta conversa presunçosa e ignorante, geralmente consigo manter a calma, tranquilizando também o interlocutor com a constatação;

- Hum… Então deve ser por isso que nunca ouviste cantar fado. Olha, mas fazes bem porque também não é para ti que eles cantam!

Destas duas atitudes é, sem dúvida, mais nefasta a primeira, a da moda, porque arrasta de uma forma sarnenta, hereges ao santuário.
(e assim se vê como, pela veemência registada, sou um purista intransigente dos rituais fadistas performativos)
Prefiro pois os outros, os que não sentem, não vivem, nem entendem o fado, porque sei que esses nunca me irão estragar uma audição e porque ao fado não fazem mal nenhum.

Estas adiantadas considerações foram só para me levar ao tema desta crónica cultural e que é a recente edição do CD de Aldina Duarte – Contos de Fados.



Começo pela voz da fadista. Segura, clara, interior, funda de uma expressão delicada e decidida.
Depois musicalmente dando como ponto de partida inquestionável a mestria de José Neto e Carlos Proença (para além de outros contributos de qualidade, pontuais) traz-nos um equilíbrio entre temas clássicos mais profundos e elaborados e outros de alguma previsibilidade, mas sempre simples, abertos e bem cadenciados.

É porém ao nível poético que este trabalho mais se afirma como sendo extraordinário. Primeiro por ser conceptual. Há duas linhas que nos conduzem de tema em tema. A primeira, a referência à literalidade feita pelas criações poéticas, onde surgem só como exemplo, Dostoiewski,  os Irmãos Grimm, Tenesse Williams ou Ricardo Reis.  Para além de Aldina Duarte escrevem sobre estas referências da Literatura Universal os poetas Manuela de Freitas, Maria do Rosário Pedreira, José Mário Branco e José Luís Gordo. A segunda é um consciente e, pela fadista, decidido caminhar da sombra para a luz, da tristeza para a alegria.

Quem não ainda ouviu Contos de Fados poderá estar a pensar nesta altura, pelo que refiro, que estamos aqui perante uma produção artificial, intelectualizada sem emoção. Nada mais errado e para demonstrar que assim é fecho com a transcrição do poema de Maria do Rosário Pedreira, digo eu a maior poetisa portuguesa viva, que a propósito da fábula O Pastor e o Lobo, de Esopo, num encanto, nos diz na Marcha de Manuel Maria Marques:


Gato Escaldado


Mais uma vez prometeste
levar-me de braço dado
por Alfama a passear.
Eu esperei tu não vieste,
ficou velho e desbotado
o vestido por estrear;
Vezes sem conta juraste
dançar comigo no baile
às portas da Mouraria
eu fui mas nunca chegaste,
sabem as pontas do xaile
o que chorei nesse dia
Vezes sem fim sugeriste
ouvirmos fados juntinhos
 num beco do Bairro Alto
de todas elas mentiste
eu gastei por maus caminhos
os meus sapatos de salto
Hoje vens para me propor
casarmos na Madragoa
como eu sempre te pedi
não pode ser meu amor
já sabe meia Lisboa
que eu não acredito em ti.



 Delicioso!

E agora pá , diz lá… o fascismo o quê , a ceguinha o quantos, pá ??

Joaquim Nogueira Marques,

autor de poesia de fado para Margarida Soeiro


http://a-trompa.net/videoclip/aldina-duarte-gato-escaldado
Nota: O professor J. N. Marques teve a amabilidade de indicar, para os interessados no assunto desta crónica, o site acima apresentado.

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