Ida e Volta
A estrada
avança penosamente
E o
caminhante vai andando,
A buscar o
destino que já se faz tardar.
Mas, como
este lhe não agrada,
Não tarda a
voltar.
A vida
avança cem passos
E, para nos
enganar, recua dois ou três,
Mas nesses
avanços e recuos
Vai
deixando escrito
A fortuna
de quem nas suas malhas
Foi, em má
hora, capturado…
Por isso
vai andando,
À frente de
quem a segue,
Dançando,
Mas não
tarda a voltar.
O viajante
cobre a distância
Que o
separa da meta prometida;
Leva como
bagagem a esperança,
Ainda que
ténue, na constância
Dos ventos
com que o Alto
Lhe tem
tolhido o cruel caminho,
Não lhe poupando
lavores,
Sem nunca
conceder favores.
Por isso
anda a estrada e o seu perseguidor,
Mas não
tardam a voltar.
E, à medida
que a estrada avança,
Caminha
também o céu,
Ao qual
Deus as estrelas deu.
Mas a
celeste abóbada cobre, a cada noite,
Uma sofrida
terra diferente,
Um mundo
que já não é contente;
Avança
também o tempo,
De longas
barbas brancas.
T.F.
Mas esse
tempo é um matreiro e persistente
Viajante
experimentado:
Lá vai, com
a estrada lesta,
Mas já não
vai voltar.