Bem, eu tenho cá para mim (uma teoriazinha inofensiva, creio eu), que sonhar é um dom inato, vem connosco a este mundo e parte de cá com cada um de nós, no fim da estrada; acho também que cada um de nós tem, pelo menos, uma pequena percentagem desse dom dentro de si (por mais pequena que seja). Mas acho também que é um dom que pode ser educado e cuidado; é como uma pequena árvore, que quer crescer e tem de lutar contra a sombra das copas superiores para poder mostrar o rosto ao sol. Nós também temos de regar os nossos sonhos, fazê-los apoiarem-se em estacas para não desabarem nem se desencaminharem, acarinhá-los, trazê-los no pensamento e deixá-los inundar o nosso dia-a-dia.
Claro está que, visto assim, é muito bonito, mas e quando nos esquecemos de regar os sonhos e eles secam como uma planta sem água? Bom, isso dá mau resultado, quer se reflicta em nós, quer no mundo à nossa volta, e é sempre um mal. A sã capacidade de ter sonhar o Bem, entre outras coisas, faz com que brotem de nós mesmos características que tornam o género humano meritório: bondade, generosidade, solidariedade, honra, honestidade, entre outras. Mas acontece, tal como sucede com as sementes, que nem sempre esse dom se desenvolve da mesma maneira (mais uma vez, reitero que este é o meu ponto de vista, apenas). Muitas vezes consegue crescer saudável e vigorosamente, tornando a nossa vida numa que valha a pena ser vivida, mas há também muitas vezes em que não se desenvolve como seria de esperar. Pronto, coloquei o dedo mais ou menos na ferida. A semente pode apodrecer por quaisquer contingências desconhecidas e não dar fruto; ou pode germinar e a plantinha ser maltratada depois, vergada pelo vento e calcada pelos pés.
Quando esta capacidade germina e se começa a desenvolver é, tal como todas as plantas, tenra e frágil, facilmente molestada pelo vento mais forte. As condições em que se desenvolve podem ser contrárias, esmagadoras, pode fazer muito frio ou muito calor e a planta mirra ou seca ou pode ser arrancada na flor da idade, seja pelo ambiente, pelo que se experiencia, ou mesmo pela própria sociedade. E mesmo quando a pequena semente atinge o tamanho e robustez de uma planta jovem no auge do vigor, pode ainda perecer por ser demasiado podada.
Tanta influência da sorte e do acaso, podemos nós pensar. Bem, sim e não, porque também depende da força interior de cada um. Mesmo nas mais adversas condições pode uma planta dar flor, basta a vontade estar determinada em não deixar o dom mirrar. Sei por experiência própria que a vida nos bloqueia a estrada com muitos obstáculos (muitas vezes mais altos do que nós), e que, às vezes, parece que a nossa boa estrela desapareceu. Mas talvez sejam só nuvens que a encobrem, talvez se soprarmos com força suficiente elas se afastem e nos possamos de novo orientar.
Pessoalmente, não tenho grandes certezas de conseguir afastar as nuvens que cobrem a minha boa estrela e nem sequer sei se ainda me reconhecerei a mim mesmo quando, finalmente, conseguir restabelecer a ordem na minha própria vida entre o céu e a terra, mas sei que, se me aplicar com determinação, posso não deixar de sonhar com isso e desbravar o meu próprio caminho na tentativa de lá chegar. É melhor esta certeza que não ter certezas nenhumas, por isso, resta-me concluir que sonhar sempre tem a sua utilidade, seja qual for o grau de fantasia envolvido. Aqui fica um conselho: não se permitam desaprender de sonhar, pois a capacidade de não nos cingirmos às contingências, de olhar para mais longe (não para mais alto) faz de nós melhores pessoas e dá um pouco mais de cor a um mundo que, manifestamente, se torna ocasionalmente pardo."
Claro está que, visto assim, é muito bonito, mas e quando nos esquecemos de regar os sonhos e eles secam como uma planta sem água? Bom, isso dá mau resultado, quer se reflicta em nós, quer no mundo à nossa volta, e é sempre um mal. A sã capacidade de ter sonhar o Bem, entre outras coisas, faz com que brotem de nós mesmos características que tornam o género humano meritório: bondade, generosidade, solidariedade, honra, honestidade, entre outras. Mas acontece, tal como sucede com as sementes, que nem sempre esse dom se desenvolve da mesma maneira (mais uma vez, reitero que este é o meu ponto de vista, apenas). Muitas vezes consegue crescer saudável e vigorosamente, tornando a nossa vida numa que valha a pena ser vivida, mas há também muitas vezes em que não se desenvolve como seria de esperar. Pronto, coloquei o dedo mais ou menos na ferida. A semente pode apodrecer por quaisquer contingências desconhecidas e não dar fruto; ou pode germinar e a plantinha ser maltratada depois, vergada pelo vento e calcada pelos pés.
Quando esta capacidade germina e se começa a desenvolver é, tal como todas as plantas, tenra e frágil, facilmente molestada pelo vento mais forte. As condições em que se desenvolve podem ser contrárias, esmagadoras, pode fazer muito frio ou muito calor e a planta mirra ou seca ou pode ser arrancada na flor da idade, seja pelo ambiente, pelo que se experiencia, ou mesmo pela própria sociedade. E mesmo quando a pequena semente atinge o tamanho e robustez de uma planta jovem no auge do vigor, pode ainda perecer por ser demasiado podada.
Tanta influência da sorte e do acaso, podemos nós pensar. Bem, sim e não, porque também depende da força interior de cada um. Mesmo nas mais adversas condições pode uma planta dar flor, basta a vontade estar determinada em não deixar o dom mirrar. Sei por experiência própria que a vida nos bloqueia a estrada com muitos obstáculos (muitas vezes mais altos do que nós), e que, às vezes, parece que a nossa boa estrela desapareceu. Mas talvez sejam só nuvens que a encobrem, talvez se soprarmos com força suficiente elas se afastem e nos possamos de novo orientar.
Pessoalmente, não tenho grandes certezas de conseguir afastar as nuvens que cobrem a minha boa estrela e nem sequer sei se ainda me reconhecerei a mim mesmo quando, finalmente, conseguir restabelecer a ordem na minha própria vida entre o céu e a terra, mas sei que, se me aplicar com determinação, posso não deixar de sonhar com isso e desbravar o meu próprio caminho na tentativa de lá chegar. É melhor esta certeza que não ter certezas nenhumas, por isso, resta-me concluir que sonhar sempre tem a sua utilidade, seja qual for o grau de fantasia envolvido. Aqui fica um conselho: não se permitam desaprender de sonhar, pois a capacidade de não nos cingirmos às contingências, de olhar para mais longe (não para mais alto) faz de nós melhores pessoas e dá um pouco mais de cor a um mundo que, manifestamente, se torna ocasionalmente pardo."
Tomás Vicente (ex-aluno)
Este aluno dedicou este texto à avó, que foi, nas suas palavras, uma das pessoas que lhe ensinou que "os sonhos não têm preço, estão além de qualquer preço"
Este aluno dedicou este texto à avó, que foi, nas suas palavras, uma das pessoas que lhe ensinou que "os sonhos não têm preço, estão além de qualquer preço"